terça-feira, 10 de maio de 2011

Transtornos Alimentares não terminam amanhã.


Desde o reconhecimento dos transtornos alimentares na prática clínicas, eles sempre foram relacionados aos adolescentes e adultos jovens. Sempre foram as meninas o maior contingente de pacientes que nos chamavam a atenção para o rigor com que buscavam um peso muitas vezes abaixo do ideal. Atualmente, temos observado o avanço de casos de transtornos alimentares muito além da juventude, acometendo mulheres com mais de 50 anos. A maioria delas traz consigo uma história pregressa da doença desde a adolescência, enquanto uma pequena parcela desenvolve o transtorno já na maturidade.

A vaidade e a preocupação com a imagem corporal é uma característica marcante nas mulheres. Mesmo nos extremos da vida, nós conhecemos meninas e avós que manifestam desejo de alcançarem um peso corporal mais adequado e para atingirem seus objetivos elas estão dispostas a fazerem dieta e se exercitar. Nada anormal nessa atitude. Entretanto, elas podem não parar por aí e como visto nas adolescentes, alguma mulheres maduras passam a manifestar um comportamento autodestrutivo com intensa restrição alimentar, abuso de laxantes, exercícios físicos intensos e compulsão alimentar. 

Qualquer situação estressante pode atuar como um gatilho e desencadear o transtorno alimentar. Em uma pessoa jovem, isso pode ser gerado a partir da saída da casa dos pais para ir para a faculdade ou estudar em outro país, em situações de ganhos de peso que a deixa constrangida ou sujeita a críticas ou diante do divórcio dos pais. Em anos mais tarde, ter um filho, se distanciar dele quando ele vai para a faculdade ou vivenciar o seu próprio divórcio. Cada geração conta com situações de grande conflito inerentes a elas, capazes de desencadear transtornos alimentares ou despertar casos preexistentes adormecidos ao longo dos anos. 

Há provavelmente muitos casos de transtorno alimentar na maturidade que escapam do nosso poder de observação e diagnóstico, simplesmente porque pessoas mais velhas se mostram mais ponderadas e equilibradas. Muitas manifestações do transtorno são confundidas com sinais de envelhecimento e não são pesquisadas a contento. Um exemplo disso é a parada das menstruações, que em uma menina adolescente nos chama a atenção para a possibilidade do problema. Nas mulheres maduras, essa alteração é imediatamente relacionada à menopausa, normal ou precoce, dependendo da idade. Quando essas pacientes tem anemia e osteoporose, isso também é confundido com envelhecimento e nunca com desnutrição, que a maioria delas apresenta. 

Para finalizar, muitos profissionais de saúde, que não tem conhecimento da evolução dos transtornos alimentares para idades mais avançadas da vida, muitas vezes enaltecem essas mulheres com o argumento de que elas seriam um grande exemplo para as gerações mais jovens, pelo fato de manterem-se magras e se exercitarem muito.

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