terça-feira, 31 de agosto de 2010

NEUROMARKETING

SEM DESCUIDAR SUA AUTO-ESTIMA
Como apertar o botão de compras da mente, E assim compramos...ou não.
Você acredita que é perfeitamente capaz de escolher o que consome? E que ninguém no mundo pode te empurrar algo que não queira? Cuidado! A arte de convencer a comprar é, na verdade, uma ciência chamada neuromarketing. Ela se baseia na psicologia e em equipamentos empregados pela medicina.


Todo mundo tem um botão de compras no cérebro. Quando acionado, esse impulso faz algumas pessoas consumirem mais, outras menos. Até há pouco tempo, o que motivava esse comportamento era uma verdadeira incógnita. Agora não é mais, já que a arte de convencer o indivíduo a comprar tornou-se uma ciência. O neuromarketing, como é chamada a nova disciplina, baseia-se em pesquisas sobre o comportamento do consumidor, mas emprega técnicas e tecnologia da medicina e do marketing para avaliar com rigor científico o que leva as pessoas a consumir. Auxiliados pela ressonância magnética e pela tomografia computadorizada, os neuromarqueteiros conseguem entrar na mente das pessoas e descobrir desejos antes mesmo que elas tenham consciência da sua existência.
Parece complicado... E é. Na prática, porém, não é difícil entender como funciona o neuromarketinkg. Nem tampouco perceber aonde ele pretende chegar. Basta refletir sobre as “armas” que são usadas para nos forçar a consumir. Entre elas, o branding sensorial: os nossos sentidos são seduzidos por aromas e percepções que nos estimulam a comprar. Por exemplo, você sabe o que é RTX9338PJS? Código esquisito, não é? Mais estranho ainda é o produto: um spray que contém aroma de cheeseburger de bacon. Quando é pulverizado nos dutos de ventilação de uma lanchonete, o seu proprietário vende uma quantidade muito maior de sanduíches.
Enquanto nós, reles mortais, estamos intoxicados com o que acreditamos ser o cheiro de um saboroso hambúrguer, involuntariamente estamos nos rendendo à última fronteira do marketing: o branding sensorial, um conjunto de estratégias empregadas pelos experts da publicidade para “seduzir” os nossos sentidos. Em lanchonetes, shopping centers, supermercados e em muitos outros lugares.

Aliás, exemplos de como somos fisgados mesmo sem saber não faltam. Em 2007, o psicólogo Eric Spangenberg, da Universidade de Washington (EUA), descobriu que o cheiro de baunilha difuso em uma loja de roupas femininas foi o responsável pelo dobro das vendas de saias, blusas e vestidos (as norte-americanas são malucas por essa fragrância). Posteriormente, ele repetiu a mesma experiência, desta vez usando um odor considerado masculino, com aroma amadeirado, o que duplicou a venda de roupas masculinas.
Por sua vez, os engenheiros de alimentos do fabricante de um conceituado café instantâneo trabalharam pesado para criar uma embalagem capaz de liberar um delicioso aroma quando a tampa do produto fosse aberta. Fácil? Teoricamente, sim. Afinal, esse café instantâneo tem um cheiro divino, como poucos de seus concorrentes têm. O único detalhe é que nós, os consumidores, jamais deveríamos saber disso.
Não é à toa também que as padarias de diversos hipermercados estão localizadas perto da porta de entrada: o aroma exalado pelo pão quentinho e recém-saído do forno estimula o apetite e também nos ajuda a pensar como os produtos ali comercializados são fresquinhos.

A origem de tudo
O neuromarketing surgiu no final da década de 1990, a partir de estudos acadêmicos feitos por um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos. Um deles, Gerald Zaltman, médico e pesquisador da Universidade Harvard, teve a ideia de empregar aparelhos de ressonância magnética para fins de marketing, e não estudos médicos. O termo neuromarketing, no entanto, apenas seria conhecido em 2002, cunhado por Ale Smidts, um professor de marketing na Erasmus University, em Roterdã, na Holanda. A partir daí é que a nova disciplina, que estuda as variáveis capazes de influenciar o processo de decisão da compra com o emprego de ferramentas da psicologia e da medicina, passou a ser utilizada.
Embora o neuromarketing ainda esteja em seus primeiros passos, várias corporações estão desenvolvendo pesquisas nessa área. É o caso das empresas Nielsen, General Motors, Ford, Daimler, GE, Coca-Cola, McDonald’s, K-Mart, Kodak, Levi-Strauss e Delta Airlines.




A NEUROCIÊNCIA ESTUDA AS VARIÁVEIS CAPAZES DE INFLUENCIAR O PROCESSO DE DECISÃO DA COMPRA, USANDO FERRAMENTAS DA PSICOLOGIA E DA MEDICINA

Nada é por acaso
Em 2001, uma ação de branding sensorial usada pela Bauducco foi bastante comentada pelas pessoas e talvez você até se lembre (ou tenha participado) dela: no Natal daquele ano, a empresa espalhou o aroma de panetone em 32 salas de cinema de São Paulo, enquanto imagens do produto eram exibidas na tela, antes de o filme começar. Nem é preciso contar como foram as suas vendas de panetones naquele ano.
Os aromas são armas tão poderosas que, quando os hipermercados começaram a surgir, a preocupação inicial dos empresários era diminuir o incômodo cheiro de peixe. Para solucionar a situação, começaram a colocar aromas, como os de cravo e baunilha, que deixavam as pessoas com fome durante as compras.
Embora a disposição dos produtos no supermercado pareça aleatória, não se iluda: não é. Muito pelo contrário, ela respeita critérios bem específicos. Você já reparou que na entrada e no espaço onde se dão os primeiros dez passos em seu interior não existem produtos. Sabe por quê? Porque nesse momento você não vai comprá-los. Por isso, esses locais são utilizados apenas para adaptar a sua visão ao novo ambiente.
Já os produtos frescos (o pão, os legumes e as frutas) são colocados logo após a entrada, para dar uma sensação de frescor. Produtos de consumo diário, como o sal e o açúcar, são dispostos em locais distantes uns dos outros para forçar os clientes a olhar e a percorrer todo o interior da loja. Doces, balas e gomas estão sempre perto dos caixas, para encorajar as crianças a pedir aos pais. E eles acabam comprando as guloseimas porque estão estressados com a fila e sem disposição alguma para brigar com os filhos.

Cientificamente, o olfato parece ser o sentido mais fortemente manipulável. Afinal, os odores se fixam no cérebro humano de forma bem duradoura. Eles são armazenados no nível do sistema límbico, sob a forma de emoções ligadas ao contexto em que nos marcaram. Se sentirmos novamente esses odores, reviveremos tudo aquilo que havíamos vivenciado anteriormente.
cheiro é uma eficiente arma usada pela publicidade, mas ele não é a única maneira de sermos alvejados. Você notou que a casca dos ovos vem se tornando amarronzadas ao longo dos anos? Pelo menos já percebeu que esses ovos estão sempre em locais mais privilegiados nas prateleiras, dispostos em lugares mais visíveis do que os de cascas brancas. Já tentou imaginar o motivo disso?
Em primeiro lugar, a mudança na casca dos ovos não ocorre por conta de uma mutação genética das galinhas.

Trata-se, sim, de uma solução encontrada por um especialista em marketing. De acordo com os estudos dele, o marrom parece nos lembrar paisagens bucólicas, e vende mais. Para obter ovos com cascas dessa cor, os agricultores já sabem que basta dar vitaminas para as galinhas. Mas e você? O que deseja colocar em sua panela? E no seu organismo?
Além dos cheiros e das cores, também a sensualidade tem um poder de persuasão semelhante. Especialmente quando é feita para provocar. Bom exemplo disso é a publicidade de Calvin Klein. Seus anúncios “eróticos” são elaborados para chocar as pessoas e mexer com o seu pudor e senso de decência. Nesse caso, não é o sexo em si que é usado para atrair a atenção, mas a provocação e a repercussão que ele causa nas pessoas: no final, todo mundo acaba comentando o assunto.
Mas esses truques não são os únicos usados pelos neuromarqueteiros. Dois pesquisadores da Universidade de Leicester (Inglaterra) constataram que as vendas de vinhos de um hipermercado variavam de acordo com a música. Nos dias em que eram tocadas músicas facilmente reconhecidas como francesas, os vinhos da França vendiam mais. Em contrapartida, o mesmo acontecia com as músicas e os vinhos italianos, portugueses, alemães...

Como funcionaAuxiliados por equipamentos de ressonância magnética, os neurocientistas conseguem registrar instantaneamente as atividades cerebrais e a formação de sinapses e reações, monitorando as emoções que sentimos durante as compras. Enquanto somos expostos a mensagens relacionadas com experiências de consumo, essas sofisticadas técnicas de imageamento identificam na tela do computador, por meio de gráficos coloridos e em terceira dimensão, as zonas do cérebro estimuladas e o funcionamento de cada pedaço de nossa mente.
Já com a tomografia de ressonância magnética funcional, os cientistas produzem imagens coloridas da troca de substâncias no cérebro e registram instantâneos da localização e intensidade da atividade cerebral. Sinais de radiofrequência fornecem a imagem das alterações no fluxo sanguíneo e na oxigenação em determinadas áreas cerebrais. O processo também mostra como a intensidade cerebral se altera diante de anúncios publicitários.
É assim, por meio da atividade elétrica cerebral, que os neurocientistas esperam explicar o que move a decisão das compras e obter dados e informações relevantes sobre os processos e as variáveis mentais que possam explicar melhor as expectativas, preferências, motivações e comportamentos relacionados com o consumo, ajustando as estratégias de marketing das empresas.
Entretanto, os neuropsicólogos asseguram que não existe um botão para o consumo porque a tomada de decisões envolve diversas regiões do cérebro que atuam de forma sequencial num curto espaço de tempo. Por isso, segundo eles, a atividade prática do neuromarketing até agora se limita à fotografia do cérebro no instante exato da tomada de decisão. O grande avanço científico é conseguir ver na prática como as funções cerebrais (emoção, memória e raciocínio) são ativadas diante de um estímulo.

Ficção científica
Essas cenas parecem ser de uma ficção científica, mas não é nada disso. Essas e outras “façanhas” sensoriais são narradas no livro A Lógica do Consumo. O autor, Martin Lindstrom, é um dos maiores especialistas no mundo da sedução dos bens. Em 228 páginas, revela o que nos leva a comprar um produto em detrimento de outro e quais as sutis estratégias que são utilizadas para as grandes marcas captarem mais.
Lindstrom conhece todas essas armas porque pesquisa o consumidor a fundo, em nome de grandes marcas. São experiências reais, como ele conta em seu livro, mesmo quando exigem o uso de métodos científicos e equipamentos da medicina, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, para saber o que acontece com nossos cérebros quando estamos na presença de um produto nas prateleiras dos supermercados ou quando assistimos a um comercial na televisão.
No relato dessas experiências reais, fica claro que o neuromarketing já faz parte da realidade. E veio para ficar. Ao mapear como cada um dos nossos neurônios reage ao estímulo de uma marca, ao sabor de um refrigerante ou aos apelos de um outdoor na rua, a expectativa é de que, em breve, as empresas consigam entender com um nível de detalhamento inédito quais são os fatores que desencadeiam toda a corrente de desejos, necessidades e anseios que levam uma pessoa a comprar um determinado produto.
Essa possibilidade abre espaço para algumas polêmicas e para muita reflexão. Se, de um lado, os neuromarqueteiros usarem com consciência o conhecimento adquirido sobre os desejos dos consumidores, as empresas poderão conhecer melhor as suas necessidades e fabricar produtos que realmente os satisfaçam. De outro, não há como não pensar na questão ética: a nova ciência será usada para manipular a mente do consumidor?
Ela é mesmo apenas um inofensivo método de estudos dos hábitos de consumo ou não? Afinal, trabalha em cima de estímulos que não são conscientes, uma ação eticamente condenável. Na realidade, ninguém tem essas respostas. No entanto, dá para antever que, como tudo que foi criado no mundo, o neuromarketing poderá ser usado com boas ou más intenções, tornando o marketing mais honesto ou não. É esperar para ver!

Você acredita que é perfeitamente capaz de escolher o que consome? E que ninguém no mundo pode te empurrar algo que não queira? Cuidado! A arte de convencer a comprar é, na verdade, uma ciência chamada neuromarketing. Ela se baseia na psicologia e em equipamentos empregados pela medicina. (Pessoalmente acredito que quando sabemos os proques, fica mais fácil ser senhor e dono das situações, só por isso passo a vcs um artico esclarecedor)


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

SOMOS O QUE COMEMOS - VERDADE

Somos o que comemos





Aquilo que comemos, e o modo como comemos e preparamos nossos alimentos, afeta a natureza das células do organismo e o funcionamento dos nossos órgãos. Mas comer pode se transformar também numa poderosa forma de meditação













Por Luis Pellegrini - Revista laneta.







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Beleza da comida Nas antigas culturas orientais, como a do Japão, a expressão “comer com os olhos” é levada ao pé da letra. Nesses países não se concebe separar o ato de comer dos refinados critérios estéticos que regem todos os aspectos da vida.

Adoro comer, não vou negar. Considero a gastronomia uma arte nobre, e creio que o simples fato de podermos todos os dias desfrutar do prazer da comida é uma prova da bondade de Deus. Que fazer, se sou como os peixes que se deixam fisgar pela boca? Um amigo pouco respeitoso chegou até a sugerir que provavelmente nunca saí da fase oral, mas não dei a mínima. Se ele é faquir e gosta de jejum, o problema é dele. Os quilinhos a mais que tenho de carregar? Paciência. Tudo na vida tem seu preço. E minha avó Anna, uma italiana sábia e gulosa, amante da polenta, dos queijos e dos bons vinhos, sempre me ensinou que “mais vale um gosto que dez vinténs no bolso”. Sigo à risca o seu conselho. E que minha cardiologista, a doutora Berta, não leia nada do que estou dizendo. Não quero que me passe mais um sabão.





Descobri cedo que comer é um prazer, além de atividade necessária à subsistência. Mas levei muito tempo para perceber que pode ser também uma forma de meditação, uma poderosa ioga capaz de nos integrar e harmonizar com o todo do qual fazemos parte. Entendi isso num dia luminoso, na Turquia, às margens do Bósforo, o estreito que interliga o Mar de Mármara e o Mar Negro e separa o continente europeu do asiático. Caía a tarde quando decidi almoçar num vilarejo de pescadores à beira do canal. Escolhi um restaurante modesto e minúsculo, com duas mesas ao ar livre, à sombra de uma árvore frondosa, de onde se descortinava um esplêndido panorama das águas do Bósforo douradas pelo sol. Logo veio o dono, um turco bigodudo e sorridente que, como logo vi, era também garçom e cozinheiro. Viajante experimentado, resolvi não arriscar e pedi um prato simples: peixe grelhado e legumes cozidos.
Ajeitei-me na cadeira, relaxei, deixei meus olhos percorrerem a belíssima paisagem. O turco voltou e colocou sobre a mesa alguns pequenos pratos à moda de couvert: um pedaço de queijo de cabra, meio pão quentinho, redondo e pesado colocado diretamente sobre a mesa, um frasco com vinho local, um outro com puro azeite de oliva e, maravilha das maravilhas, uma cumbuca cheia de enormes e brilhantes azeitonas negras. Não esqueço o ligeiro tremor que tomou de assalto minhas papilas gustativas. Ele retorna até hoje, toda vez que vejo olivas pretas. Sobretudo aquelas grandonas e brilhantes.
Feliz como uma criança, comecei a provar daquelas iguarias, alternando bocados da comida com goles do vinho turco – que não era nenhum Château Latour, mas dava para o gasto. Pouco a pouco, penetrei num plano mágico de consciência.


Bósforo Esse óleo do pintor russo Maxim Vorobiev, feito em 1829, retrata o lugar exato onde, muito tempo depois, o autor deste artigo vivenciou a singular experiência espiritual ligada à comida às margens do canal do Bósforo.



Cada gole de vinho, cada bocado de pão e queijo, cada azeitona que se dissolvia em minha boca parecia trazer para dentro de mim toda a natureza daquele lugar. Ao degustar aquelas coisas, percebi que elas tinham o poder de me ligar, de modo harmonioso, com tudo aquilo que me cercava. Através da exaltação do paladar, senti-me bem conectado com a terra turca, abraçado pela sombra generosa da árvore, iluminado pela luz forte e dourada que as águas do canal refletiam. Foram momentos em que me senti inteiramente parte daquele todo, como se entre eu mesmo e o ambiente que me cercava não houvesse separação. Sentime inteiro, pleno, feliz da vida. E provei imensa gratidão por aquela comida aparentemente tão simples, mas que, por trás da sua singeleza, escondia um poder insuspeitado.





Essa experiência despertou em mim a antiga noção da sacralidade dos alimentos.

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Reza e oferenda Na china, como em quase todo o mundo, a tradição religiosa preconiza que sejam feitas oferendas de alimentos aos deuses. eles não comem comida material, é claro, mas nesse caso é muito mais a intenção que conta.





Sabedoria dos palitinhos chineses Os chineses degustam com palitos. Existe aí um duplo sentido: os palitos não são armas cortantes ou agressivas, e toda a comida já foi cortada em pedacinhos e liberada de tudo aquilo que não se come – símbolo do cuidado afetuoso que orientou a preparação dos pratos.

A visão antiga de amor e de respeito aos alimentos, ao ato de comer e à arte da culinária foi infelizmente perdendo força no decorrer dos tempos. A maioria de nós não tem mais a consciência do aspecto sagrado dessas coisas. Conserva uma visão pré-lógica em relação à alimentação. Seu único critério de julgamento é: “Eu gosto ou eu não gosto”. Sua atração por certas comidas e a rejeição que sente por outras são decorrentes dos critérios completamente subjetivos e ligados a preferências ditadas por condicionamentos de todos os tipos. No entanto, muitos dos maiores sábios que a humanidade já produziu foram unânimes ao dizer que “nós somos o que comemos”. Aquilo que comemos, e o modo como comemos e preparamos nossos alimentos, afeta a natureza das células do organismo e o funcionamento dos nossos órgãos. Numa outra linguagem, mais esotérica, mas nem por isso menos verdadeira, podemos dizer que as “vibrações” de tudo aquilo que introduzimos em nosso organismo modificam as vibrações do organismo como um todo. É por saberem disso que culturas clássicas, voltadas para o progresso espiritual das pessoas, criaram filosofias e sistemas alimentares muito refinados. Na Índia, por exemplo, foi desenvolvida uma inteira escola espiritual denominada anna ioga, a ioga dos alimentos. Eis alguns dos seus preceitos básicos:
1 Nunca coma em excesso. Ao final de uma refeição, o estômago do iogue deve conter metade da sua capacidade de comida, uma quarta parte de água e a outra quarta parte de ar.





Coma alimentos leves, saudáveis, não adulterados, que sejam de fácil digestão. Abstenhase ao máximo de comidas pesadas, muito gordurosas e condimentadas. Evite o excesso de bebidas estimulantes, como as alcoólicas, o chá e o café.





3 Preocupe-se com as vibrações associadas com a proveniência, a preparação e a ingestão de alimentos. A sensitividade da maioria de nós está sempre tão embotada ou tão pouco desenvolvida que quase não conseguimos perceber isso. Mas aqueles que se desenvolveram no caminho da purificação espiritual segundo as regras da ioga sabem que os alimentos só devem ser ingeridos quando sua preparação for feita com amor e cuidado. Os iogues acreditam piamente que as vibrações do cozinheiro impregnam a comida e são absorvidas por quem as come.





4 A calma é o estado mental e emocional mais propício para uma boa alimentação. Existe um provérbio sufi que diz: “Se uma pessoa come com raiva, a comida vira veneno.”





5 Finalmente, sempre segundo os ensinamentos da anna ioga, não se pode prescindir da consagração da comida antes de ingeri-la. Consagrar a comida, nem que seja através deum breve e silencioso pensamento de gratidão, significa oferecê-la conscientemente para a divindade que possibilitou a sua obtenção. O cristianismo conserva essa tradição ao preconizar orações de graças antes das refeições.






“AQUELE QUE COME SEM RENDER GRAÇAS COME UM ALIMENTO ROUBADO”, DIZIAM OS ANTIGOS










Segundo essa ótica, é lastimável que a sociedade moderna consumista, tecnológica e racional tenha perdido a arte e a religião da comida. Agimos em geral de modo desrespeitoso e descuidado quando comemos e isso, segundo os estudiosos, é fonte de um número enorme de doenças e distúrbios. Mas há uma luz no fim do túnel. São os cientistas e pensadores da moderna ecologia – tanto a ecologia da natureza quanto a da pessoa e a da sociedade humanas – que afirmam, fazendo eco às tradições do passado, que o ser humano não é uma entidade separada, existindo num universo criado para lhe servir. Bem diferente disso, o ser humano, nascido do barro da terra, é apenas o último elo no tempo de uma série de seres com os quais ele vive numa permanente relação de troca e simbiose. Dessa noção de ecologia geral – que deverá determinar toda a cultura do atual milênio – nasce a ecologia da alimentação. Ela ensina que o alimento deve ser tratado com amor, respeito e cuidado simplesmente porque, uma vez ingerido, passa a fazer parte integrante de nós.










“Aquele que come sem render graças come um alimento roubado”, diziam os antigos. Uma noção infelizmente abandonada nos dias agitados em que vivemos, ao mesmo tempo que as latas de lixo extravasam restos desperdiçados e pobres animais domésticos são transformados em meras máquinas de satisfazer nossa gulodice. Por outro lado, todas essas comidas ingeridas apressadamente, só para encher a barriga, com a mente voltada para os compromissos da tarde ou como meros pretextos para a discussão de negócios importantes, fazem muito mais mal do que bem. É fundamental descontrair-se antes das refeições, mastigar lentamente, manter a calma, concentrar-se no prazer da comida – pois o sabor em si mesmo constitui um importante alimento. Qualquer médico pode afirmar que, se a nutrição no cotidiano passar a ser um ato tranquilo e consciente, muitas doenças, principalmente as do estômago e do sistema digestivo, seriam eliminadas naturalmente.






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Ritual religioso Na Índia e nos países do sul e sudeste da Ásia, os alimentos são levados em longos cortejos pelas ruas até chegarem aos templos onde serão ofertados às divindades do panteão local.
Os chineses, do alto da     sua sabedoria milenar, degustam com palitos. Existe aí um duplo símbolo: o da paz, porque palitos não são instrumentos agressivos ou cortantes; e o do cuidado afetuoso que orientou a preparação dos pratos, quando tudo foi antecipadamente cortado em pequenos pedaços e liberado daquilo que não se come. E os japoneses, você já observou o refinamento artístico que eles empregam no preparo dos seus sushis, sashimis e tempurás? Para as velhas culturas orientais, a culinária é uma arte sagrada que envolve todos os sentidos, inclusive os olhos. O comer, nessa perspectiva, deixa de ser um ato frio e mecânico e atinge uma dimensão humana. Torna-se uma verdadeira ioga – um exercício de religação consigo mesmo e com a divindade –, ao mesmo tempo que se torna uma técnica de relaxamento, de concentração e de meditação, além de satisfação de uma necessidade biológica fundamental. Ele reassume o seu sentido original, baseado nas noções de equilíbrio, prazer sutil e harmonia geral, tão fundamentais para a boa saúde e a felicidade. Se perceber isso, aquele que come em excesso, com pressa, sem nem sequer saber o que está comendo, sem consciência do valor sagrado do alimento, terá mais chances de se transformar num ser calmo e harmonizado. Pois, como diz George Ohsawa, criador da macrobiótica, “o mundo forma uma unidade integrada em que cada criatura carrega a sua parcela de vida. É, portanto, um crime que certamente acarreta consequências desperdiçar um único grão de arroz ou comer além das necessidades, enquanto no mundo tantas pessoas são subalimentadas e morrem de fome.”





COZINHAR É MEDITAR










Como fazer da arte culinária uma forma eficiente de meditação? É fácil. Basta lembrar da definição mais simples, mais ampla e verdadeira de meditação: “Meditar é estar inteiro naquilo que se faz.” Qualquer atividade humana, praticada desse jeito, pode se transformar em meditação. Aplicada à cozinha, a meditação significa transformá-la num ateliê de arte muito limpo, organizado e eficiente. Aplicada a você, significa que, a partir do momento em que veste o avental, você encarna o artista criativo que existe no seu íntimo. Aprenda a se respeitar como tal. Aprenda a gostar de cozinhar, a não ver essa atividade como uma obrigação maçante e cansativa à qual você se obriga ou é obrigado a desempenhar por força das circunstâncias. Passe a ver a cozinha como um templo, e a si mesmo como grão-sacerdote ou grã-sacerdotisa da culinária, com o poder de realizar magias extraordinárias apresentadas na forma de apetitosas iguarias.










Escolha bem as receitas e os ingredientes. Não economize no capricho. Não faça nada de modo alheio, automático, ausente. Evite o mais possível cozinhar quando está tomado por estados emocionais negativos. Esteja sempre inteiro, firme e tranquilo em cada fase do trabalho, desde lavar as verduras até aquelas últimas pitadas de condimento que equivalem às pinceladas de gênio de um pintor. Sobretudo, lembre-se de que cozinhar não requer apenas mãos hábeis e cabeça inteligente. Cozinhar é doação, seja para você mesmo, seja para aqueles que vão desfrutar do seu talento. Tudo isso exige também um coração amoroso, consciente de que, em matéria de amor, receber é ótimo, mas dar é ainda melhor.






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Cozinhar é meditar Aplicada à cozinha, a meditação significa transformá-la num ateliê de arte muito limpo, organizado e eficiente. Aplicada a você, significa que a partir do momento em que veste o avental você encarna o artista criativo que existe no seu íntimo. Aprenda a se respeitar como tal.

Desde então, nunca mais fui capaz de desrespeitar sequer um grão de arroz e entendi por que todas as grandes religiões preservam de algum modo o culto aos alimentos. Os africanos, com seus ebós do candomblé e suas comidas esmeradas dedicadas aos diferentes orixás; os indianos, que oferecem pujas (oferendas) a seus deuses; os japoneses e chineses, que põem comida nos altares nos rituais de culto aos antepassados; e até o cristianismo, que preconiza a comunhão com Cristo através do consagrado alimento da hóstia e do vinho. Hoje, embora sem o mesmo fervor nem a mesma sabedoria, entendo Santa Teresa D’Ávila – a primeira doutora da Igreja – quando ela dizia: “Quando estiver à mesa, não fale a ninguém, conserve os olhos baixos e pense na mesa celestial e na comida que ali é servida, pois a comida é Deus em Si Mesmo; e pense nos hóspedes que se sentam a essa mesa, e que são os anjos.” Teresa era uma santa que sabia das coisas.





E você? Pertence a uma daquelas raras famílias que ainda cultivam o hábito de fazer uma breve oração de agradecimento antes das refeições? Pois saiba que esse costume, longe de ser apenas uma rotina religiosa, reflete uma convicção que o ser humano traz consigo desde os tempos das cavernas: a crença de que o preparo dos alimentos, o ato de comer e a própria comida são coisas sagradas. E, como tais, são caminhos que podem conduzir ao encontro consigo mesmo, com os outros, com a vida e o mundo.

domingo, 29 de agosto de 2010

OBESIDADE


É na Região Sul do Brasil que se encontra o maior número de pessoas que estão acima do peso adequado: 56,8% dos homens e 51,6% das mulheres que vivem no Para ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão com excesso de peso. São ainda os homens que engordaram mais que as mulheres nos últimos 35 anos: em 1974, 18,5% deles eram gordos; em 2009, o número chegou a 50,1% contra 48% do sexo feminino. E o pior: quanto mais aumenta o salário deles, mais eles brigam com a balança, ao contrário das mulheres, que tendem a se cuidar e emagrecer. Os dados foram lançados ontem e fazem parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE.



O estresse é um dos principais vilões que têm levado os homens (principalmente os mais ricos) a estarem gordos. “Eles acabam sendo mais sedentários que as mulheres. Elas sofrem mais com a pressão social em busca da beleza”, explica a endocrinologista Rosana Rado minski, presidente da Associação Brasileira para o estudo da Obe sidade e da Síndrome Meta bólica. “Maior renda também significa mais trabalho, e, consequentemente, um número maior de preocupações e estresse, o inimigo mortal de quem quer manter o peso”, afirma a endocrinologista Mirnaluci Ribeiro Gama, chefe do setor de Endocrinologia e Diabates do Hospital Evangélico. Ao se sentir estressado, o corpo estimula a produção de cortisol, um hormônio que deposita a gordura proveniente da comida na região do abdome. Outro hormônio, chamado de cotecolaminas, também liberado nesses momentos, pega essa mesma gordura e a leva para a corrente sanguínea.



Frio

No Sul há uma população mais gorda em decorrência também do clima frio. Com as temperaturas mais baixas, as pessoas comem mais, principalmente alimentos ricos em açúcar e gordura. “O frio é um fator muito importante. Também é preciso lembrar que as pessoas se exercitam menos, vão menos a parques e academias e tendem a consumir alimentos mais práticos, geralmente industrializados”, analisa a nutricionista Cinthia Cordeiro, do Ambula tório de Cirurgia Bariátrica do Hospital Evangélico.
Uma a cada três crianças tem sobrepeso
No Brasil, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso adequado, o que representa que a cada três, uma é gorda. É o que mostram os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 20 anos, o patamar de excesso de peso entre os meninos dessa idade mais do que dobrou: passou de 15% para 34,8%. Entre as meninas, a taxa quase triplicou no período e passou de 11,9% para 32%.
Segundo o IBGE, o excesso de peso tende a ser maior em áreas urbanas do que nas áreas rurais. E é justamente na Região Sudeste (onde estão as maiores concentrações urbanas) que há mais crianças obesas: são 39,7% dos meninos e 37,9% das meninas.
Todos precisam emagrecer
A pesquisa mostra, porém, que apesar de o Sul estar com a população mais gorda, esse não é um problema exclusivo da região. De um modo geral, o aumento de peso pode ser percebido em todas as faixas etárias do Brasil, independentemente do sexo, estado onde se vive ou renda. Na prática, metade da população brasileira está acima do peso e, se o país continuar nesse ritmo, chegará, em dez anos, ao nível de obesidade dos Estados Unidos, o que é péssimo para a qualidade de vida e, ainda, representa um possível colapso, no futuro, nos sistemas de saúde. Isso porque os jovens também estão engordando: há uma criança a cada três acima do peso, o que quer dizer que a população tende a ter mais problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outras doenças.
O ministro da saúde, José Go mes Temporão, disse que os dados são preocupantes e “acendem um alerta vermelho”. “Ex cesso de peso, obesidade e falta de atividade física afetam profundamente a qualidade de vida”, diz. O ministro chegou a citar políticas para mudar a oferta de alimentos nas escolas e o controle da propaganda de alimentos infantis. Ressaltou ainda a necessidade de se “trabalhar de maneira mais radical”.
O estilo de vida continua mu dando para pior: hábitos alimentares inadequados – o consumo de feijão está caindo enquanto o de comidas industrializadas está aumentando – e a violência têm levado as pessoas a ficar mais dentro de casa e longe dos parques e pistas de caminhada e corrida. “Quando as oportunidades de almoçar e jantar fora aumentam, a tendência é também comer alimentos mais rápidos que muitas vezes oferecem cardápios ricos em carboidratos”, lembra Mirnaluci.
Ingerir pelo menos três porções de fruta por dia (é quase o equivalente a três unidades) é o indicado para uma alimentação balanceada, mas na prática um adulto ou jovem costuma ingerir isso na semana inteira, conforme explica a nutricionista Sandra Chemin, do Conselho Regional de Nutricio nistas da 3.ª Região. “Precisamos voltar à nossa cultura alimentar antiga, de comer arroz, feijão, saladas e frutas. Hoje o consumo de produtos de panificação (biscoitos e industrializados em geral) aumentou tanto nos mercados como nas redes de fast food”, diz.
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Interatividade
O que o governo pode fazer para conscientizar as pessoas sobre os riscos da obesidade?
Fonte: Jornal, Gazeta do povo
Vamos partir para a interatividade. Todo o exemplo precisa partir de cima, então os Srs. governantes, precisam aprender a se cuidar e Não assumirem seus cargos e engordarem mais a cada dia que passa. E não venham dizer para mim que é o estress, isso é desculpa para idiota, estresse nada mais é que falta de nutrientes o estressado é sempre e só um desvitaminado. E nós engordamos principalmente pelo que não comemos.... Isso acaba nos levando a comer demais.

sábado, 28 de agosto de 2010

Especialista: preço da obesidade será pago em algumas décadas

Minha pergunta é simples:De que lado você vai Ficar?
It's up to you...A ESCOLHA É SUA.



DANIEL FAVERO E THAÍS SABINO

Considerada uma epidemia mundial, a obesidade segue em crescimento no País, conforme dados da nova Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), divulgada nesta sexta-feira. Para o presidente da Sociedade Internacional de Economia da Saúde (Ispor), Stephen Stefani, "o preço deste aumento da obesidade, nós vamos pagar em algumas décadas".

Apesar de 74% dos mais de 60 mil alunos do 9º ano que participaram da Pense terem estado nutricional adequado, 16% foram considerados com sobrepeso e 7,2%, obesos, nas capitais brasileiras. Entre as cidades com maior frequência de escolares com sobrepeso estão Porto Alegre (20,1%) e Rio de Janeiro (18,3%). Ainda segundo a Pense, as maiores prevalências de sobrepeso foram observadas entre alunos das escolas privadas.

De acordo com um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgado em julho, 25% dos adolescentes de escolas públicas e privadas da capital paulista estavam, entre 2003 e 2004, com sobrepeso ou obesos. O índice é superior à média brasileira, que era, no mesmo período, de 18% entre os meninos e 15,8% entre as meninas, segundo o Ministério da Saúde.

Para Stefani, os investimentos em saúde no Brasil (3% do Produto Interno Bruto, que chegou a R$ 826 bilhões no primeiro trimestre de 2010, segundo dados do IBGE) estão "totalmente fora da realidade". Ele compara a situação com a dos EUA (o país mais obeso do mundo), onde este orçamento equivale a aproximadamente 15% do PIB, cerca de US$ 2 trilhões.

"Se nos Estados Unidos o sistema de saúde ainda não é o ideal, no Brasil está totalmente fora da realidade", disse Stefani. Ainda segundo ele, "o setor privado investe três vezes mais que o público na saúde do País, sendo que, dos 193 milhões brasileiros, apenas cerca de 40 milhões possuem convênio médico particular".

De acordo com o Ministério da Saúde, as medidas mais concretas em relação ao combate à obesidade começaram em 2006 com ações educativas, de promoção da saúde, além de programas de orientação e incentivo à atividade física. O orçamento deste ano para essas ações, que não se referem somente ao combate à obesidade, é de R$ 56 milhões, aplicados em 1,5 mil cidades brasileiras.

Segundo a médica endocrinologista Deborah Malta, coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde e especialista em Saúde Pública, as doenças ligadas a obesidade, como problemas cardiovasculares e diabetes, "sobrecarregam o sistema público de saúde".

Para a nutricionista do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesp e responsável pela pesquisa com os adolescentes paulistanos, Maria Aparecida Zanetti, os impactos na saúde pública já são significativos. "Identificamos adolescentes hipertensos, diabéticos, com problemas ortopédicos, além da exclusão social pelo fato de estarem fora do peso", disse, citando ainda distúrbios como a bulimia e anorexia.

Stefani diz que os custos desse aumento da obesidade serão percebidos nas próximas décadas. "O preço deste aumento da obesidade, nós vamos pagar em algumas décadas. É o camarada que vai chegar aos seus 40 anos com problemas de saúde que vai engrossar a fatia de pacientes crônicos", disse o presidente da Ispor. "O obeso é um kit completo que vem com diabete, infarto, problemas cardiovasculares e pressão alta".

Deborah diz que, "de forma geral, se gasta mais com medidas curativas do que com a prevenção". Para ela, a mudança desse quadro requer ações que vão além do âmbito da saúde.

Estudos

De acordo com a nutricionista, o fenômeno do crescimento da obesidade começou a ser estudado na década de 70, quando houve o período "de transição nutricional, com queda da subnutrição e aumento da obesidade".

Segundo Deborah Malta, levantamentos feitos em 1974 e 1975 apontaram que os adolescentes com idades entre 11 e 15 anos acima do peso eram 2,6% dos meninos, e 5,8% das meninas. Em 1996, esse índice pulou para 11,8% entre os meninos e 15,3% entre as meninas.

Para Maria Aparecida, as mudanças sociais ocorridas nos seios das famílias, nas últimas décadas, podem explicar o aumento de peso entre os jovens. "A mulher deixou o lar e tem que trabalhar. O que vale hoje é a lei da sobrevivência, onde a mãe faz a opção por alimentos mais práticos, mas também nocivos para a saúde. Além disso, as escolas também têm participação porque as cantinas oferecem alimentos calóricos, como frituras, balas e refrigerantes, visando apenas o paladar e a satisfação dos adolescentes. As pessoas são alimentadas com macarrão instantâneo e papinhas industrializadas desde pequenas".

Deborah afirma que os Estados do Paraná, e Santa Catarina já têm legislação específica sobre a merenda escolar. "Nas cantinas escolares destes Estados é proibida a venda de salgadinhos e frituras. Usamos isso como exemplo, na busca de uma normatização geral, até que se tenha uma legislação específica para todo o Brasil", disse.

"Esse assunto deve ser encarado como prioridade, e com seriedade. Não é só a saúde que deve atuar. Se for assim, haverá pouco êxito. A discussão deve ser encarada de forma ambiental, as indústrias devem ser incluídas, assim como o incentivo às práticas físicas. Há um o apelo muito grande pela comida fácil, pelas massas, sanduíches e hambúrgueres. Temos que abordar ainda a discussão em relação à regulamentação dos alimentos, como fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao determinar parâmetros para produtos industrializados", disse.

Efeitos

Os efeitos da alimentação com produtos industrializados e calóricos no corpo humano ainda não são totalmente conhecidos pela ciência. A segunda fase da pesquisa com os alunos paulistanos, que será realizada neste ano, vai usar exames bioquímicos para identificar que tipo de malefício esses alimentos trazem à saúde, além da obesidade.

"Os profissionais de saúde já perceberam aumento em problemas alérgicos. Sabemos que os alimentos industrializados têm substâncias que podem, na maioria das vezes, causar alergia em quem já tem propensão a isso", afirma Maria Aparecida.

A pesquisa teve a primeira fase realizada há cerca de seis anos, e agora vai reencontrar os adolescentes que foram analisados, hoje com idades entre 15 e 20 anos. "Vamos à casa desses jovens para conversar com as famílias, saber como foi a gestação, a amamentação, como são os hábitos de consumo e alimentares, qual é a renda, se existem fatores hereditários, além da realização de exames bioquímicos, para investigar o grau de obesidade e, se possível, reverter ou tratar o quadro", diz.

A nutricionista afirma que falta atenção dos governos e da sociedade quanto à nutrição. "Não existe regra básica para deter esse crescimento alarmante da obesidade, mas a educação pode reverter esse quadro", disse a pesquisadora, defendendo a inclusão de uma disciplina de educação nutricional nas grades curriculares, com o mesmo peso de disciplinas como matemática, português e geografia.

Como sobrepeso e obesidade são calculados
Para o cálculo do sobrepeso, o IBGE usou os valores de referência do Índice de Massa Corporal (IMC) da Organização Mundial de Saúde. Um IMC de até 18,5 kg/m² é considerado déficit de peso. O excesso de peso é identificado com 25 kg/m² ou mais, e a obesidade é diagnosticada quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m².