Ainda não encontramos a cura para o câncer, mas estamos evoluindo na descoberta dos seus fatores desencadeantes, para através dele fazermos a prevenção adequada ou iniciarmos o tratamento mais precocemente. Essa talvez seja a abordagem mais promissora dessa doença e já está ao nosso alcance. Sabemos que o pólipo, uma pequena lesão aderente à parede do intestino permanece lá por vários anos, antes de se transformar em um tumor maligno. Silenciosa, assintomática, crescendo lentamente e permitindo que fatores internos ou externos influenciem seu crescimento.(Eu continuo com pergunta que não quer calar: Será que não conhecem mesmo, ou isso não interessa a alguém?)
As possíveis influências dietéticas na origem do câncer do intestino são várias e a dificuldade em analisar tais influências vem da constatação de que um estilo de vida saudável geralmente faz parte da vida das pessoas que são naturalmente preocupadas com uma dieta saudável, deixando-nos em dúvida sobre o papel que cada um desses fatores exerce em nos proteger contra as doenças em geral, e contra o câncer, em especial. Assim, vale a pena repensar sobre a proteção causada pela prática regular de atividade física, pelo alcance e manutenção do peso ideal, pela opção por não fumar e por não abusar do consumo de bebidas alcoólicas. Qual delas ajudaria mais? É impossível afirmar até o momento, uma vez que geralmente essas atitudes se agrupam na opção de vida dessas pessoas.
Alimentos, Nutrição e Prevenção de Câncer: uma perspectiva global foi um relatório publicado, em 2007, pelo Fundo Mundial para a Pesquisa em Câncer, reunindo um painel de especialistas do mundo inteiro, com o apoio de observadores das Nações Unidas e de outras organizações internacionais. De acordo com o relatório, os estudos mostram que os padrões de câncer mudam conforme as populações migram de uma parte do mundo para outra e à medida em que ocorre a urbanização e a industrialização dos povos. Segundo projeções do documento, as taxas de câncer tendem a aumentar. Além disso, o relatório define o câncer como uma doença com poucas influências genéticas e com componentes ambientais e comportamentais muito importantes e passíveis de serem modificados. Os fatores ambientais aos quais o documento se refere incluem o uso do tabaco, agentes infecciosos, radiações ionizantes, produtos químicos industriais, poluição, medicamentos e o consumo de alimentos.
As recomendações do relatório para o câncer colorretal - intestino grosso ou colo e reto - são definidas de acordo com a força das evidências da associação entre alimentos, nutrição e atividade física com o risco de câncer. As evidências são definidas como convincentes, prováveis e sugestivas para cada uma das relações avaliadas e aquelas consideradas convincentes e prováveis geram metas de saúde pública e recomendações pessoais.
Fatores de risco com evidências convincentes
De acordo com a maioria dos trabalhos científicos são consideradas convincentes as evidências de que a carne vermelha, principalmente a carne processada, o abuso na ingestão de bebidas alcoólicas, a obesidade - principalmente a obesidade visceral ou abdominal - são alguns dos fatores que influenciam a incidência do câncer colo retal.
Os estudos mostram um aumento na incidência de câncer de intestino de cerca de 15% para cada 50g de carne vermelha ingerida por dia e no caso das carnes processadas - industrializadas e mantidas conservadas, defumadas, conservadas com sal ou produtos químicos - as evidências são ainda maiores, chegando a um aumento de até 21% para cada 50g/dia. Os fatores possíveis envolvidos seriam os produtos nitrogenados originários das carnes vermelhas, bem como o ferro aí presente, potencialmente gerador de radicais livres. O cozimento das carnes vermelhas a altas temperaturas podem também gerar produtos potencialmente carcinogênicos.
Essas evidências não pregam a suspensão do consumo da carne vermelha, mas sim um consumo moderado. Essa orientação é especialmente importante para os brasileiros, que têm uma média de ingestão de carne vermelha acima das recomendações. Seria razoável o consumo de carne vermelha de 2 a 3 vezes por semana, intercalando com a carne branca dos peixes e aves e até com proteínas de origem vegeta.
Fatores de proteção com evidências convincentes
A prática regular de atividade física de toda a natureza está relacionada à prevenção do câncer do intestino. Aqui, entra a atividade física recreacional ou de lazer, os serviços domésticos, a utilização de transporte público e todas as formas de atividade física monitorada.
Fatores de risco com evidências prováveis
A maioria dos estudos encontra correlação positiva entre o consumo de bebidas alcoólicas e o câncer intestinal. A hipótese mais estudada é a de que alguns metabólitos do álcool, como o acetaldeído, possam ser carcinogênicos. Há ainda a provável interação com o fumo, cujas lesões causadas ao DNA não seriam reparadas na presença do álcool. O álcool pode ainda atuar como solvente, aumentando a penetração de outras moléculas carcinogênicas para dentro das células. Aparentemente, há uma correlação com o volume alcoólico ingerido, de maneira que quanto maior a dose ingerida e a freqüência da ingestão, maior o risco.
Fatores de proteção com evidências prováveis
São prováveis protetores do câncer do intestino: o leite, o cálcio, o alho e as fibras da dieta.
São consideradas evidências sugestivas de benefício as frutas e vegetais sem amido, os peixes, a vitamina D, o selênio e o ácido fólico e evidências sugestivas de risco os alimentos ricos em ferro, o açúcar de adição ou mel e a gordura animal. Entretanto, para esses os resultados são pouco convincentes e outros estudos são necessários para estabelecer tal correlação.
Na medida em que os fatores ambientais como alimentos, nutrição e atividade física são comprovadamente influências para o risco de câncer de intestino, essa doença passa a ser potencialmente evitável, criando uma situação que favorece a prevenção muito antes de obtermos a cura tão sonhada. Além disso, os meios diagnósticos atuais como a colonoscopia, conseguem outra façanha, que é o diagnostico das lesões pré-cancerígenas antes que elas se desenvolvam e até o diagnóstico precoce do próprio câncer de intestino, tornando o tratamento e a cura muito mais prováveis.
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