Onde está o nosso alimento?
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Como naqueles livros infanto-juvenis
onde tínhamos que encontrar o menino chamado Wally em meio a uma grande e
complicada ilustração, também hoje estamos a procura dos alimentos utilizados
pela indústria. Em meio a tantos ingredientes confusos e desconhecidos, onde
está o nosso alimento? Esse tema mobilizou a mais brilhante conferência
realizada no 71º. Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA),
realizado em San Diego na ultima semana do mês de junho passado.
A conferencista, Dra Barbara Corkey, descreveu a presença de cerca de 400 aditivos alimentares, utilizados pelos fabricantes de alimentos, praticamente desconhecidos. Ninguém sabe ao certo quais seriam os seus efeitos a longo prazo em nosso organismo. A pesquisadora partiu de um exemplo bem definido: um sorvete fabricado nos Estados Unidos com 20 itens em sua lista de ingredientes, dos quais apenas 4 deles eram alimentos e os outros 16 eram aditivos. Entre eles, corantes, conservantes, aromatizantes, espessantes e os adoçantes artificiais. Realmente, os nossos alimentos não são mais os mesmo, nas palavras da Dra Corkey. A indústria vem conseguindo associar centenas de aditivos que dão aparência, cor, sabor e aroma aos alimentos, tornando-os irresistíveis. Além de tudo isso, eles conseguem ser competitivos e ainda passam uma idéia irreal de alimento saudável. A pesquisadora demonstrou que um dos mais conhecidos e utilizados espessantes para a produção de alimentos industrializados, o monoacilglicerol, assim como um dos adoçantes mais comuns usados na indústria dos alimentos diets e lights, a sacarina, causariam
aumento da produção de insulina e
maior propensão à obesidade e ao diabetes.
Muitos podem pensar que insulina em excesso pode ser benéfico, pois sempre relacionam falta de insulina ao diabetes. Na verdade, o diabetes de maior prevalência no mundo cursa com obesidade e excessiva produção de insulina. Esse quadro revela uma menor eficácia desse hormônio, que passa a ser produzido em maior quantidade, justamente para compensar essa alteração. Na verdade, quando olhamos para os rótulos dos alimentos industrializados, não conseguimos encontrar o Wally que representa o nosso verdadeiro alimento. Esse trabalho científico e o prêmio que enriqueceu o currículum da Dra Barbara, devem servir de alerta para uma nova atitude que pode trazer de volta o alimento saudável ao nosso prato. Os cereais, frutas, verduras e legumes frescos que o Brasil sempre produziu em abundância e alimentou seu povo. |
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
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NÃO VEMOS AS COISAS COMO ELAS SÃO - VEMOS AS COISAS COMO NÓS SOMOS. Alcançar a FELICIDADE requer a superação dessas limitações sem transgredir os próprios valores e posicionamentos
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segunda-feira, 25 de julho de 2011
A Coisa é tão séria como ISSO...
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
A Soja, Mas que soja?
Não posso deixar de alertar: A casca da soja é rica em FITATO, esta substância com um nome simpático e tudo mais, "quebra, provoca Osteoporose, e sei lá mais o que. Logo a soja indicada para o consumo humano que realmente trás os benefícios e protege inclusive sim e com eficiência os efeitos dos "calorões da menopausa, é a PROTEÍNA ISOLADA DE SOJA, (este isolada refere-se à retirada do Fitato processo caro e nem sempre encontrado).
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Precisamos esclarecer o real papel da soja em nossa alimentação, ou seja, precisamos entender a soja como alimento, antes de decifrarmos as suas propriedades preventivas e curativas, que dariam ao alimento o status de alimento funcional. O assunto é motivo de muita discussão e nesse contexto é importante afirmar que quando uma questão gera posições tão diversas, devemos concluir que tal questão ainda não tem uma resposta definitiva. Melhor aguardar a evolução das pesquisas científicas. O fato concreto e completamente esclarecido é que a soja é uma proteína vegetal muito semelhante ao nosso feijão. Nutricionalmente, ela equivale às proteínas derivadas de fontes animais, incluindo a carne, o ovo e o leite. Em uma refeição balanceada, para uma pessoa saudável, as proteínas, idealmente, deveriam compor cerca de 15 a 20% do valor calórico total da dieta. O teor de proteínas desses alimentos pode nos dar uma noção real de suas capacidades nutritivas. As carnes têm 20-25% de proteínas, o leite materno 1-1,2%, o leite de vaca 3-3,5%, o feijão 20-25% e a soja 40%. Baseados nestes números, podemos imaginar o potencial nutritivo da soja e de todos os seus derivados. O derivado da soja de maior destaque é o óleo. O óleo de soja supre completamente nossas necessidades de ácidos graxos poliinsaturados, pois contém as recomendações de ômega 3 e ômega 6, tão importantes para nossa saúde cardiovascular. O farelo de soja é o resultado da extração do óleo e tem alto teor protéico (47%), sendo pobre em fibras e gorduras. O tofu é um tipo de queijo obtido da coagulação do leite de soja e contém apenas 5 a 8% de proteínas. Ele representa 90% da proteína de soja consumida nos países asiáticos. Apesar de nutritiva, a soja tem valor calórico considerável e não pode ser subestimada em sua capacidade de elevar as calorias de uma dieta a ponto de causar ganho de peso. A grande polêmica das isoflavonas A soja é a principal fonte de certas substâncias chamadas isoflavonas. Algumas delas são muito semelhantes à estrutura química do hormônio feminino, daí a denominação de fitoestrogênio, o estrogênio oriundo de vegetais. Essa descoberta causou uma grande esperança, no sentido do uso desses compostos na prevenção das doenças relacionadas à queda do hormônio feminino no climatério como as ondas de calor, a insônia, a perda de massa mineral óssea, a atrofia urogenital, a elevação do colesterol e a conseqüente doença cardiovascular. Isoflavonas e as ondas de calor do climatério A interferência das isoflavonas nos sintomas mais desconfortantes do climatério, que são as ondas de calor ou fogachos, é muito estudada, mas os resultados são polêmicos. Parece que as isoflavonas reduzem a severidade dos chamados fenômenos vasomotores - as ondas de calor. Entretanto, essa redução parece ocorrer apenas nas mulheres com pelo menos nove episódios diários, ou seja, nos casos mais graves. Além disso, é muito difícil distinguir uma real interferência das isoflavonas sobre os calores da menopausa, uma vez que tais sintomas são de ocorrência irregular, podendo sofrer alívio ou intensificação espontâneos, não relacionados à interferência do uso das isoflavonas. Isoflavonas e Osteoporose Ainda com relação ao climatério, são muito contraditórios os resultados dos estudos sobre os efeitos das isoflavonas na perda mineral óssea e conseqüente osteoporose relacionada à queda do hormônio feminino no climatério. A maioria das pesquisas científicas, entretanto, não revela nenhuma melhora na massa óssea relacionada ao uso das isoflavonas, logo chega a ser deletéria a troca do leite de vaca pelo leite se soja, uma vez que esse não contém o cálcio presente no leite de vaca e tão importante na prevenção e tratamento da osteoporose pós menopausal. Isoflavonas e câncer Estudos epidemiológicos mostram que em populações com alta ingestão de fitoestrogênios, há menor incidência de câncer de mama e de próstata. Isso ocorre em populações asiáticas, onde a ingestão diária média de soja confere cerca de 40mg de isoflavonas por dia. Postula-se a ação antioxidante desses compostos, no sentido de proteção contra cânceres relacionados a hormônios sexuais, tanto no homem quanto na mulher. Essa hipótese precisa ser comprovada por estudos científicos controlados, uma vez que essas populações são expostas a menos fatores de risco nutricionais do que os povos ocidentais e conseguem manter hábitos de vida mais saudáveis, sendo esses fatores por si só determinantes da menor incidência de câncer nesses povos. A revisão dos estudos científicos A partir de 1999, o Food and Drud Administration (FDA), o órgão americano que controla e fiscaliza os alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, passou a recomendar o consumo da proteína de soja na prevenção das doenças cardiovasculares, inclusive com essa indicação no rótulo dos alimentos ricos em soja. Essa conduta foi baseada em estudos que revelavam efeito protetor da proteína da soja no metabolismo lipídico em humanos, com redução do colesterol. Seguindo os passos do FDA, o Comitê de Alimentos da Sociedade Americana de Cardiologia (AHA) referendou essas indicações em 2000. Esses estudos foram posteriormente contestados levando o FDA a AHA a rever suas recomendações e a retirar suas indicações nos rótulos dos alimentos. Em Fevereiro de 2006, a Sociedade Americana de Cardiologia, através de seu Comitê de Nutrição, fez uma análise dos últimos 10 anos de pesquisa sobre os efeitos da proteína de soja e isoflavonas e conclui que elas não conferem nenhum benefício no perfil lipídico nem na pressão artérial, não melhoram as ondas de calor nem a perda da massa óssea, bem como não reduzem o índice de fraturas, não sendo portanto recomendado a sua utilização em suplementos alimentares ou pílulas. Por outro lado, muitos produtos de soja podem ser benéficos à saúde em geral e cardiovascular em especial, devido ao seu alto teor em gorduras poliinsaturadas, fibras, vitaminas e minerais e ao seu baixo conteúdo em gordura saturada. |
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
SOMOS O QUE COMEMOS - VERDADE
Somos o que comemos
Aquilo que comemos, e o modo como comemos e preparamos nossos alimentos, afeta a natureza das células do organismo e o funcionamento dos nossos órgãos. Mas comer pode se transformar também numa poderosa forma de meditação
Por Luis Pellegrini - Revista laneta.
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Beleza da comida Nas antigas culturas orientais, como a do Japão, a expressão “comer com os olhos” é levada ao pé da letra. Nesses países não se concebe separar o ato de comer dos refinados critérios estéticos que regem todos os aspectos da vida. |
Adoro comer, não vou negar. Considero a gastronomia uma arte nobre, e creio que o simples fato de podermos todos os dias desfrutar do prazer da comida é uma prova da bondade de Deus. Que fazer, se sou como os peixes que se deixam fisgar pela boca? Um amigo pouco respeitoso chegou até a sugerir que provavelmente nunca saí da fase oral, mas não dei a mínima. Se ele é faquir e gosta de jejum, o problema é dele. Os quilinhos a mais que tenho de carregar? Paciência. Tudo na vida tem seu preço. E minha avó Anna, uma italiana sábia e gulosa, amante da polenta, dos queijos e dos bons vinhos, sempre me ensinou que “mais vale um gosto que dez vinténs no bolso”. Sigo à risca o seu conselho. E que minha cardiologista, a doutora Berta, não leia nada do que estou dizendo. Não quero que me passe mais um sabão.
Descobri cedo que comer é um prazer, além de atividade necessária à subsistência. Mas levei muito tempo para perceber que pode ser também uma forma de meditação, uma poderosa ioga capaz de nos integrar e harmonizar com o todo do qual fazemos parte. Entendi isso num dia luminoso, na Turquia, às margens do Bósforo, o estreito que interliga o Mar de Mármara e o Mar Negro e separa o continente europeu do asiático. Caía a tarde quando decidi almoçar num vilarejo de pescadores à beira do canal. Escolhi um restaurante modesto e minúsculo, com duas mesas ao ar livre, à sombra de uma árvore frondosa, de onde se descortinava um esplêndido panorama das águas do Bósforo douradas pelo sol. Logo veio o dono, um turco bigodudo e sorridente que, como logo vi, era também garçom e cozinheiro. Viajante experimentado, resolvi não arriscar e pedi um prato simples: peixe grelhado e legumes cozidos.
Ajeitei-me na cadeira, relaxei, deixei meus olhos percorrerem a belíssima paisagem. O turco voltou e colocou sobre a mesa alguns pequenos pratos à moda de couvert: um pedaço de queijo de cabra, meio pão quentinho, redondo e pesado colocado diretamente sobre a mesa, um frasco com vinho local, um outro com puro azeite de oliva e, maravilha das maravilhas, uma cumbuca cheia de enormes e brilhantes azeitonas negras. Não esqueço o ligeiro tremor que tomou de assalto minhas papilas gustativas. Ele retorna até hoje, toda vez que vejo olivas pretas. Sobretudo aquelas grandonas e brilhantes.
Feliz como uma criança, comecei a provar daquelas iguarias, alternando bocados da comida com goles do vinho turco – que não era nenhum Château Latour, mas dava para o gasto. Pouco a pouco, penetrei num plano mágico de consciência.
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Bósforo Esse óleo do pintor russo Maxim Vorobiev, feito em 1829, retrata o lugar exato onde, muito tempo depois, o autor deste artigo vivenciou a singular experiência espiritual ligada à comida às margens do canal do Bósforo. |
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Cada gole de vinho, cada bocado de pão e queijo, cada azeitona que se dissolvia em minha boca parecia trazer para dentro de mim toda a natureza daquele lugar. Ao degustar aquelas coisas, percebi que elas tinham o poder de me ligar, de modo harmonioso, com tudo aquilo que me cercava. Através da exaltação do paladar, senti-me bem conectado com a terra turca, abraçado pela sombra generosa da árvore, iluminado pela luz forte e dourada que as águas do canal refletiam. Foram momentos em que me senti inteiramente parte daquele todo, como se entre eu mesmo e o ambiente que me cercava não houvesse separação. Sentime inteiro, pleno, feliz da vida. E provei imensa gratidão por aquela comida aparentemente tão simples, mas que, por trás da sua singeleza, escondia um poder insuspeitado.
Essa experiência despertou em mim a antiga noção da sacralidade dos alimentos.
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Reza e oferenda Na china, como em quase todo o mundo, a tradição religiosa preconiza que sejam feitas oferendas de alimentos aos deuses. eles não comem comida material, é claro, mas nesse caso é muito mais a intenção que conta.
A visão antiga de amor e de respeito aos alimentos, ao ato de comer e à arte da culinária foi infelizmente perdendo força no decorrer dos tempos. A maioria de nós não tem mais a consciência do aspecto sagrado dessas coisas. Conserva uma visão pré-lógica em relação à alimentação. Seu único critério de julgamento é: “Eu gosto ou eu não gosto”. Sua atração por certas comidas e a rejeição que sente por outras são decorrentes dos critérios completamente subjetivos e ligados a preferências ditadas por condicionamentos de todos os tipos. No entanto, muitos dos maiores sábios que a humanidade já produziu foram unânimes ao dizer que “nós somos o que comemos”. Aquilo que comemos, e o modo como comemos e preparamos nossos alimentos, afeta a natureza das células do organismo e o funcionamento dos nossos órgãos. Numa outra linguagem, mais esotérica, mas nem por isso menos verdadeira, podemos dizer que as “vibrações” de tudo aquilo que introduzimos em nosso organismo modificam as vibrações do organismo como um todo. É por saberem disso que culturas clássicas, voltadas para o progresso espiritual das pessoas, criaram filosofias e sistemas alimentares muito refinados. Na Índia, por exemplo, foi desenvolvida uma inteira escola espiritual denominada anna ioga, a ioga dos alimentos. Eis alguns dos seus preceitos básicos: 1 Nunca coma em excesso. Ao final de uma refeição, o estômago do iogue deve conter metade da sua capacidade de comida, uma quarta parte de água e a outra quarta parte de ar. 2 Coma alimentos leves, saudáveis, não adulterados, que sejam de fácil digestão. Abstenhase ao máximo de comidas pesadas, muito gordurosas e condimentadas. Evite o excesso de bebidas estimulantes, como as alcoólicas, o chá e o café. 3 Preocupe-se com as vibrações associadas com a proveniência, a preparação e a ingestão de alimentos. A sensitividade da maioria de nós está sempre tão embotada ou tão pouco desenvolvida que quase não conseguimos perceber isso. Mas aqueles que se desenvolveram no caminho da purificação espiritual segundo as regras da ioga sabem que os alimentos só devem ser ingeridos quando sua preparação for feita com amor e cuidado. Os iogues acreditam piamente que as vibrações do cozinheiro impregnam a comida e são absorvidas por quem as come. 4 A calma é o estado mental e emocional mais propício para uma boa alimentação. Existe um provérbio sufi que diz: “Se uma pessoa come com raiva, a comida vira veneno.” 5 Finalmente, sempre segundo os ensinamentos da anna ioga, não se pode prescindir da consagração da comida antes de ingeri-la. Consagrar a comida, nem que seja através deum breve e silencioso pensamento de gratidão, significa oferecê-la conscientemente para a divindade que possibilitou a sua obtenção. O cristianismo conserva essa tradição ao preconizar orações de graças antes das refeições. “AQUELE QUE COME SEM RENDER GRAÇAS COME UM ALIMENTO ROUBADO”, DIZIAM OS ANTIGOS Segundo essa ótica, é lastimável que a sociedade moderna consumista, tecnológica e racional tenha perdido a arte e a religião da comida. Agimos em geral de modo desrespeitoso e descuidado quando comemos e isso, segundo os estudiosos, é fonte de um número enorme de doenças e distúrbios. Mas há uma luz no fim do túnel. São os cientistas e pensadores da moderna ecologia – tanto a ecologia da natureza quanto a da pessoa e a da sociedade humanas – que afirmam, fazendo eco às tradições do passado, que o ser humano não é uma entidade separada, existindo num universo criado para lhe servir. Bem diferente disso, o ser humano, nascido do barro da terra, é apenas o último elo no tempo de uma série de seres com os quais ele vive numa permanente relação de troca e simbiose. Dessa noção de ecologia geral – que deverá determinar toda a cultura do atual milênio – nasce a ecologia da alimentação. Ela ensina que o alimento deve ser tratado com amor, respeito e cuidado simplesmente porque, uma vez ingerido, passa a fazer parte integrante de nós. “Aquele que come sem render graças come um alimento roubado”, diziam os antigos. Uma noção infelizmente abandonada nos dias agitados em que vivemos, ao mesmo tempo que as latas de lixo extravasam restos desperdiçados e pobres animais domésticos são transformados em meras máquinas de satisfazer nossa gulodice. Por outro lado, todas essas comidas ingeridas apressadamente, só para encher a barriga, com a mente voltada para os compromissos da tarde ou como meros pretextos para a discussão de negócios importantes, fazem muito mais mal do que bem. É fundamental descontrair-se antes das refeições, mastigar lentamente, manter a calma, concentrar-se no prazer da comida – pois o sabor em si mesmo constitui um importante alimento. Qualquer médico pode afirmar que, se a nutrição no cotidiano passar a ser um ato tranquilo e consciente, muitas doenças, principalmente as do estômago e do sistema digestivo, seriam eliminadas naturalmente.
Os chineses, do alto da sua sabedoria milenar, degustam com palitos. Existe aí um duplo símbolo: o da paz, porque palitos não são instrumentos agressivos ou cortantes; e o do cuidado afetuoso que orientou a preparação dos pratos, quando tudo foi antecipadamente cortado em pequenos pedaços e liberado daquilo que não se come. E os japoneses, você já observou o refinamento artístico que eles empregam no preparo dos seus sushis, sashimis e tempurás? Para as velhas culturas orientais, a culinária é uma arte sagrada que envolve todos os sentidos, inclusive os olhos. O comer, nessa perspectiva, deixa de ser um ato frio e mecânico e atinge uma dimensão humana. Torna-se uma verdadeira ioga – um exercício de religação consigo mesmo e com a divindade –, ao mesmo tempo que se torna uma técnica de relaxamento, de concentração e de meditação, além de satisfação de uma necessidade biológica fundamental. Ele reassume o seu sentido original, baseado nas noções de equilíbrio, prazer sutil e harmonia geral, tão fundamentais para a boa saúde e a felicidade. Se perceber isso, aquele que come em excesso, com pressa, sem nem sequer saber o que está comendo, sem consciência do valor sagrado do alimento, terá mais chances de se transformar num ser calmo e harmonizado. Pois, como diz George Ohsawa, criador da macrobiótica, “o mundo forma uma unidade integrada em que cada criatura carrega a sua parcela de vida. É, portanto, um crime que certamente acarreta consequências desperdiçar um único grão de arroz ou comer além das necessidades, enquanto no mundo tantas pessoas são subalimentadas e morrem de fome.” COZINHAR É MEDITAR Como fazer da arte culinária uma forma eficiente de meditação? É fácil. Basta lembrar da definição mais simples, mais ampla e verdadeira de meditação: “Meditar é estar inteiro naquilo que se faz.” Qualquer atividade humana, praticada desse jeito, pode se transformar em meditação. Aplicada à cozinha, a meditação significa transformá-la num ateliê de arte muito limpo, organizado e eficiente. Aplicada a você, significa que, a partir do momento em que veste o avental, você encarna o artista criativo que existe no seu íntimo. Aprenda a se respeitar como tal. Aprenda a gostar de cozinhar, a não ver essa atividade como uma obrigação maçante e cansativa à qual você se obriga ou é obrigado a desempenhar por força das circunstâncias. Passe a ver a cozinha como um templo, e a si mesmo como grão-sacerdote ou grã-sacerdotisa da culinária, com o poder de realizar magias extraordinárias apresentadas na forma de apetitosas iguarias. Escolha bem as receitas e os ingredientes. Não economize no capricho. Não faça nada de modo alheio, automático, ausente. Evite o mais possível cozinhar quando está tomado por estados emocionais negativos. Esteja sempre inteiro, firme e tranquilo em cada fase do trabalho, desde lavar as verduras até aquelas últimas pitadas de condimento que equivalem às pinceladas de gênio de um pintor. Sobretudo, lembre-se de que cozinhar não requer apenas mãos hábeis e cabeça inteligente. Cozinhar é doação, seja para você mesmo, seja para aqueles que vão desfrutar do seu talento. Tudo isso exige também um coração amoroso, consciente de que, em matéria de amor, receber é ótimo, mas dar é ainda melhor.
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Desde então, nunca mais fui capaz de desrespeitar sequer um grão de arroz e entendi por que todas as grandes religiões preservam de algum modo o culto aos alimentos. Os africanos, com seus ebós do candomblé e suas comidas esmeradas dedicadas aos diferentes orixás; os indianos, que oferecem pujas (oferendas) a seus deuses; os japoneses e chineses, que põem comida nos altares nos rituais de culto aos antepassados; e até o cristianismo, que preconiza a comunhão com Cristo através do consagrado alimento da hóstia e do vinho. Hoje, embora sem o mesmo fervor nem a mesma sabedoria, entendo Santa Teresa D’Ávila – a primeira doutora da Igreja – quando ela dizia: “Quando estiver à mesa, não fale a ninguém, conserve os olhos baixos e pense na mesa celestial e na comida que ali é servida, pois a comida é Deus em Si Mesmo; e pense nos hóspedes que se sentam a essa mesa, e que são os anjos.” Teresa era uma santa que sabia das coisas.
E você? Pertence a uma daquelas raras famílias que ainda cultivam o hábito de fazer uma breve oração de agradecimento antes das refeições? Pois saiba que esse costume, longe de ser apenas uma rotina religiosa, reflete uma convicção que o ser humano traz consigo desde os tempos das cavernas: a crença de que o preparo dos alimentos, o ato de comer e a própria comida são coisas sagradas. E, como tais, são caminhos que podem conduzir ao encontro consigo mesmo, com os outros, com a vida e o mundo.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Compulsão Alimentar
COMPULSÃO ALIMENTAR I
Temos que admitir, é sim uma doença SIM e vou tratar dela por aqui e na Real Metamorfose de hoje até ao final da semana, depois vai ser transformada num Grupo e passar a fazer parte dos dois sites:
Compulsão Alimentar I
Esta é a primeira da série de três postagens sobre compulsão alimentar e que vou transformar em Grupo no realmetamorfose.
Pois bem. A compulsão alimentar é, uma patologia psiquiátrica dentro dos transtornos alimentares, onde fazem parte a bulimina e a anorexia nervosas.
A compulsão alimentar foi primeiramente descrita como sendo a ingestão de enormes quantidades de comida em um curto espaço de tempo, seguida por sentimentos de desconforto físico e de auto condenação.
Em 1991, foi enquadrada em uma nova categoria para os transtornos alimentares: Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP).
E quais são os sintomas?
- Apetite exagerado, com ataques à geladeira
- Falta de controle para parar de comer
- Comportamento que se dá mais frequentemente no período da noite
- Vontade incontrolável de comer quando esta triste
- Comer exageradamente e rápido demais, pouca mastigação.
- Arrependimento e tristeza após os rompantes
- Falta de preocupação com o aumento de peso.
- Constrangimento social
- E o prazer imensurável ao comer ... como uma "criança no parque de diversão".
Para o diagnóstico, a TCAP requer:
1. Episódios recorrentes de compulsão periódica. Um episódio de compulsão periódica é caracterizado pelos seguintes critérios:
1.1. Ingestão em um período limitado de tempo - por exemplo, em um período de duas horas - de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares.
1.2. Um sentimento de falta de controle sobre o episódio (um sentimento de não conseguir parar ou controlar o quê ou quanto se está comendo).
2. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
2.1. Comer muito mais rápido que o normal.
2.2. Comer até sentir-se incomodamente repleto.
2.3. Ingerir grandes quantidades de alimentos quando não fisicamente faminto.
2.4. Comer sozinho e sentir-se embaraçado pela quantidade de alimentos que consome.
2.5. Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
3. Acentuada angústia relativa a compulsão periódica.
4. A compulsão periódica ocorre pelo menos dois dias por semana, durante seis meses.
(o melhor deste item é que não precisamos deixar chegar tão longe.)Outra característica muito importante: a qualidade do comer, como um ataque, fazendo o indivíduo sentir-se sem liberdade para optar entre comer ou não, como se fosse refém de um impulso incontrolável. Em um primeiro momento este impulso lhe dá prazer, em um segundo momento traz muita culpa e sofrimento.
Quando se fala em compulsão alimentar periódica (TCAP), a maioria das pessoas que se encontram com peso acima do ideal acredita sofrer de compulsão alimentar, quando, na prática, não é o que ocorre.
Um indivíduo apresenta compulsão alimentar quando ele tem pelo menos o excesso alimentar com perda de controle, mas não preenche todos os critérios diagnósticos para o TCAP. A compulsão alimentar pode ser um comportamento eventual que não apresenta tanto incômodo ao indivíduo e sim uma certa preocupação que o leva a procurar algum tipo de tratamento.
Por fim, o TCAP é assim denominado quando o indivíduo além de preencher todos os critérios diagnósticos, apresenta sofrimento e impedimentos na vida decorrentes desta patologia. Portanto, apresentar um comportamento "impulsivo" alimentar eventual quando se está fazendo restrição alimentar não demonstra ou não evidencia uma patologia mais severa e sim um comportamento decorrente do período de privação e carência alimentar ao qual se está submetido. É até certo ponto comum e não necessariamente normal.
É preciso atenção e respeito a todo e qualquer comportamento que traga além da preocupação, alterações que gerem extremos desconfortos, desde as físicas como dores abdominais até as oscilações do humor, do sono e da própria fome.
Não percam a parte II sobre Compulsão Alimentar... é um assunto muito interessante, polêmico e que nos interessa muito saber e estar atentos aos sintomas e também às formas de controle.
A criaturinha fantástica que fez estas matérias, teve esse problema, aliás todos ou quase todos ligados à Obesidade já que ela era Muito Pesada qd resolveu se tratar. Então acreditem a coisa é SÉRIA.
Beijokas. e podem acompanhar, na realmetamorfose depois podem até trocar idéias, mas se quiserem começar já, estou aqui para isso Bjks e não esqueçam:
NADA É IMPOSSÍVEL PARA
QUEM ACREDITA!!!!
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