sexta-feira, 6 de maio de 2011

DIABETES

Prevenir quando possível, detectar precocemente e tratar sempre.


Dia 14 de novembro tornou-se uma data de mobilização mundial. Governos, sociedade civil, profissionais de saúde, pacientes e familiares voltam seus olhos sobre a doença crônica de maior impacto no mundo, o diabetes. São cerca 300 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo, uma epidemia silenciosa que avança com 7 milhões de novos casos por ano e 3,8 milhões de mortes devido a causas relacionadas à doença. 

Prevenção 

O diabetes pode ser previsto e prevenido. Há situações em que podemos interferir e evitar a doença nas pessoas susceptíveis. Os chamados pré-diabéticos. Essa idéia de prevenção possível surgiu com estudos através de mudanças no estilo de vida das pessoas. Desde então, a nossa luta contra o diabetes vem se antecipando para alcançar esses indivíduos susceptíveis

Podemos prevenir o diabetes de maneira eficaz através de modificações no estilo de vida. Atividade física regular e perda de peso provaram reduzir em 50% a incidência da doença em pré-diabéticos. Alguns medicamentos também são eficazes na prevenção do diabetes, na ordem de 30%. Quando associamos as duas intervenções, nós podemos alcançar em até 58% a possibilidade de evitarmos a doença nos pré-diabéticos. 

As metas propostas para prevenção do diabetes incluem atividade física regular com o objetivo de alcançar 150 minutos por semana e dieta balanceada e com restrição calórica para alcançar um emagrecimento de 5 -7% do peso corporal. Essa dieta deve ser restrita em gordura saturada e rica em fibras e grãos integrais. 

As atitudes preventivas mais eficientes são bem conhecidas, mas de difícil implementação. É preciso convencer essas pessoas do risco que elas correm e da necessidade de mudar. Mudar de estilo de vida significa incorporar um jeito saudável de viver. Praticar atividade física nem sempre significa freqüentar uma academia e a dieta preconizada pode ser flexível e prazerosa. 
Logo, essas orientações não devem ser encaradas como limitantes e devem fazer parte do estilo de vida de todos nós, independentemente de se tratar de pré diabéticos ou não. Neles, essas atitudes devem ser encaradas como a única possibilidade de prevenir o diabetes. 

Detectar Precocemente

Estima-se que metade dos pacientes diabéticos não sabe que está doente. Em países em desenvolvimento esse índice chega a 80%. Essas pessoas evoluem longos anos sem nenhum sintoma que possa desmascarar a doença. Quando passam a apresentar sintomas eles são muitas vezes tão vagos e inespecíficos que são confundidos com cansaço e stress. Somente quando o paciente passa a urinar muito, beber muita água e emagrecer é que as pessoas procuram atendimento médico. Esse período de doença assintomática pode durar vários anos preciosos e pode definir a evolução da doença. Quando detectado precocemente o diabetes pode evoluir como uma doença de fácil tratamento, ao passo que um diagnóstico tardio acarreta doença grave e debilitante com complicações vasculares graves. 

Muitos pacientes alegam ter a "glicose um pouco elevada" sem saber que são diabéticos. Outras vezes dizem ter "um pouco de diabetes". Quando orientados que estão com a doença, eles tem dificuldade de entender, que não existe "um pouco de diabetes", nem "diabetes leve". Por menor que seja a alteração glicêmica em curso, ela determina uma evolução desfavorável quando subestimada. 

Há poucos anos vem surgindo evidências contundentes de que o excesso de glicose na circulação e nos órgão dos diabéticos, na fase inicial da doença, pode marcar para sempre a memória de suas células, principalmente aquelas sujeitas às agressões crônicas da hiperglicemia como os rins, retina, coração e membros inferiores. Esse efeito é tão importante na evolução da doença que nos faz acreditar que após um longo período inicial de negligência no controle do açúcar no sangue, muito pouco podemos fazer para prevenir as lesões que incapacitam os pacientes.

Hoje, nós sabemos ser de fundamental importância o reconhecimento precoce do diabetes. Todos os profissionais de saúde devem estar cientes disso e engajados na luta pelo esclarecimento dos pacientes a cerca de sua doença. Eles devem saber que são diabéticos desde o início, para evitar que a doença tenha uma evolução grave e debilitante.

Tratar sempre 

Não há diabetes leve ou grave. Todos são graves. Evoluem silenciosamente causando lesões irreversíveis e mutilando suas vítimas de maneira implacável. A calmaria é apenas aparente e quando as lesões ocorrem, infelizmente, elas não são reversíveis. Nesse contexto, tratar adequadamente e agressivamente significa, muitas vezes, preservar a visão da cegueira, os rins da insuficiência renal e o coração do infarto agudo do miocárdio.

Existe um tratamento eficaz para cada fase da evolução do diabetes. Isso não significa que as fases iniciais sejam menos graves que as fases finais. É no início da doença que podemos alcançar uma evolução favorável, tratando rigorosamente o diabetes desde então. 

Essa é uma doença de muitos remédios. Não dá para ser diferente. Somos atualmente eficazes no seu tratamento, mas ainda não temos uma droga única capaz de controlar os vários aspectos da doença. Muitas vezes, o diabetes se associa a hipertensão arterial e elevações do colesterol que devem ser tratados ainda mais rigorosamente nesses pacientes, uma vez que neles, pequenas alterações nesses dois parâmetros resultam em riscos ainda maiores à sua vida. 

A insulina faz parte do tratamento eficaz do diabetes. Inclusive no tipo 2, também chamado não insulino-dependente. Ela possibilita o controle da doença diante da freqüente e natural evolução da mesma. Ao contrário da imagem perturbadora que ela traduz para a maioria dos pacientes, ela deve ser vista como uma opção terapêutica eficaz e segura no controle do diabetes. Atualmente podemos contar com insulinas modernas e de fácil aplicação, tornando o controle da doença possível e todas as fases da doença.

Outra opção terapêutica promissora é cirurgia bariátrica. Ele vem se firmando com técnicas menos invasivas e mais seguras, no controle do diabetes. Além disso, muitas vezes o paciente consegue se livrar de vários medicamentos e ter uma melhora considerável dos níveis glicêmicos. Apesar de promissora, não serve a todos os pacientes, pois além do risco cirúrgico em alguns casos, ela não tem um efeito benéfico nos estágios avançados da doença. 

Independente da opção terapêutica, a dieta será sempre primordial no tratamento do diabetes. Felizmente, ela tem se tornado menos restritiva. Não há mais os rigores de antes e muita coisa tem mudado. Atualmente, ela prioriza a adequação do peso através do controle calórico, é mais flexível com os carboidratos e recomenda restrição das gorduras saturadas. Além disso, reconhece as fibras, como um importante papel no controle glicêmico e do peso desses pacientes. As vitaminas antioxidantes e a suplementação de cromo não tem indicação nesse esquema terapêutico por se mostrarem ineficazes e muitas vezes prejudiciais.

Nenhum comentário: