segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Efeitos benéficos do álcool


Por que ainda temos tantas dúvidas? 

Nos últimos 10 anos, uma verdadeira polêmica tem sacudido as discussões médicas e seus debates acadêmicos. No centro do debate, o álcool, suscitando posições diametralmente opostas e deixando-nos ainda mais confusos a cerca dos seus riscos e possíveis benefícios. 

Apesar de muitos trabalhos científicos aventarem a possibilidade do uso contínuo e moderado do álcool poder exercer efeito protetor à saúde e à longevidade, nenhum estudo com critérios científicos rigorosos foi realizado até hoje que possa atestar esses benefícios.

Beber moderadamente não é uma tarefa tão simples. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o consumo moderado de álcool significa 2 duas doses diárias para os homens e 1 dose diária para as mulheres ou até quatro doses para eles e três doses para elas em um único evento. Uma dose equivale a uma lata de cerveja, 150ml de vinho e 45ml de bebida destilada. 

Quem bebe moderadamente, tende a ter outras atitudes moderadas e saudáveis. Fazem atividade física, não fumam, comem bem e bebem moderadamente. Daí fica difícil entendermos o papel do álcool na saúde dessas pessoas, além do fato delas terem um estilo de vida tão saudável e regrado. Ser moderado é, na verdade, um grande desafio. Não somente no consumo de álcool, mas também nos alimentos. 

O que há de tão especial no vinho tinto?

Há substâncias comprovadamente benéficas. Estamos falando de um tipo especial de antioxidante, o resveratrol. A ele são dedicados muitos dos louvores dos efeitos benéficos do vinho tinto como o aumento do colesterol protetor (HDL colesterol), redução do mau colesterol (LDL colesterol) e da formação de coágulos e dilatação dos vasos sanguíneos. 

Apesar das descrições dos possíveis efeitos protetores do vinho tinto, a maioria dos estudos foi realizada em animais que receberam uma dosagem de resveratrol muito superior do que aquelas alcançadas por pessoas bebendo muito além da moderação. 

O resveratrol é apenas um dos antioxidantes do grupo dos polifenóis presentes no vinho tinto. Esses antioxidantes também são encontrados nas frutas vermelhas, no suco de uva, nos chocolates amargos, no alho e na cebola, conferindo a todos eles uma referência em proteção cardiovascular. O consumo sugerido para atender as recomendações de polifenóis seria 30mg/dia, ou seja, uma taça pequena de vinho tinto, 100g de cebola, 200g de frutas vermelhas, 60g de chocolate ou cerca de 2 litros de chá verde por dia.

Porque não devemos recomendar o uso diário do álcool

A tolerância individual ao álcool é muito variável e doses menores do que aquelas ditas moderadas podem aumentar a morbidade e a mortalidade, propiciar acidentes, aumentar a violência urbana e doméstica, estimular a atividade sexual de risco e predispor ao abuso e à dependência do álcool. 

Para as mulheres, os trabalhos mostram um aumento do risco de câncer de mama, fígado, boca, garganta e esôfago quando elas ingerem uma dose diária, seja ela de vinho, cerveja ou destilados. A conclusão desses estudos pelo National Cancer Institute foi de que "do ponto de vista do risco de câncer, não há uma ingestão alcoólica segura". 

Não há como deixar de alertar sobre os conhecidos riscos inerentes do hábito de beber. Não fazemos apologias contra o consumo social e eventual de bebida alcoólica, pois não há como negar a delícia de uma taça de vinho ou de uma cerveja bem gelada compartilhada com os amigos ou familiares. Mas não podemos deixar de nos posicionar contra o uso do álcool como remédio e sua prescrição por parte dos profissionais de saúde. 

Nada como estar sempre fora dos extremos, eles a nada levam a não ser a dissabores.

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