terça-feira, 16 de agosto de 2011

A pressão da felicidade


A pressão por ser feliz está embutida no nosso dia a dia. Parece que a felicidade é sempre um objetivo final a ser conquistado, mas essa ilusão acerca da felicidade pode atrapalhar seu caminho para viver melhor.

Alguns estudos propõem como cada um pode encontrar seu próprio bem estar, ao invés da tão idealizada felicidade.
Um exemplo disso é o livro "Florescer" ("Flourish"), do americano Martin Seligman, considerado o mestre da psicologia positiva.
O ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e professor da Universidade da Pensilvânia estudou a busca da felicidade por mais de 20 anos e atualmente afirma ser tolice elegê-la como a única ambição na vida.
"Perseguir apenas a felicidade é enganoso", disse em uma entrevista à revista ÉPOCA em maio deste ano. Segundo ele, que é pai de sete filhos e avô pela quarta vez, as pessoas deveriam buscar um objetivo mais simples e fácil de ser contemplado: o do bem estar.
Em "Florescer", Seligman apresenta cinco objetivos fundamentais para viver bem: relacionamentos, propósito, engajamento, realizações e felicidade, que nesse caso se apresenta como as emoções positivas pelas quais o ser humano passa no decorrer da vida.
"O que eu pensava dez anos atrás era parecido com o que Aristóteles dizia, que havia um único objetivo final, a felicidade", afirma o americano. Mas ele observou que, muitas vezes, decidimos fazer coisas que não melhoram exatamente nosso humor. Como, por exemplo, ter filhos.

E tanto as dificuldades, o sofrimento, ou mesmo as alterações de humor não irão deixar de existir para o ser humano, seja ele com 30 ou com 80 anos.
Em um artigo muito comentado recentemente, a jornalista Eliane Brum também cita a felicidade, na qual ela aparenta ser uma espécie de direito dos jovens de hoje.
"Tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam ‘felizes’. (...) Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem (e aos pais caberia garantir esse direito), como seria possível estabelecer um vínculo genuíno entre pais e filhos sem sofrimento, medo e dúvidas?", questiona a autora.
Um dos principais interesses de estudo de Martin é a resiliência, que é a capacidade de recuperação quando algo de ruim acontece.

Segundo ele, não importam as dificuldades quando você considera que elas serão temporárias e a realidade pode ser mudada. Isso faz parte dos processos da vida, e a felicidade é apenas um deles.
"Pense em Madre Teresa. Era solitária, mas teve uma vida cheia de sentido e floresceu ajudando os outros. É isso que fazemos para viver bem. Fazer trocas também faz parte desse crescimento, e o sentimento de felicidade é um detalhe que acompanha esse ciclo", revelou o escritor.

Nenhum comentário: