O Título é: OS TRABALHOS DE STEVE.
"Tivesse nascido brasileiro, Steve Jobs teria sido freado pela ignorância de um sistema burocrata, medieval, desonesto e simplista, regido pela absoluta falta de estímulo ao desenvolvimento de projetos de alta tecnologia e de ideias inovadoras que possam beneficiar à sociedade.
O empresário que carrega no sobrenome a sugestiva palavra “Jobs” revolucionou porque vivia em um ambiente revolucionário e fez de um tempo de mudanças no comportamento o seu playground, experimentando soluções de interação entre os homens e a informação, percebendo antes de qualquer outro que a máquina é o inquebrável elo entre ambos.
Em sua epopeia, Jobs recorreu a investidores que acreditaram em seus projetos e buscou suporte de agentes financeiros e também do governo norte-americano. Com recursos disponíveis e talentos desenvolvidos nas melhores faculdades, fabricou equipamentos eficientes. Eficientes e belos. Eficientes, belos e poderosos!
Para solidificar suas ideias a empresa da maçã mordida acelerou a tecnologia e contou com um suporte jurídico extraordinário para registrar as dezenas de milhares de patentes de suas inovações. Em um ano de trabalho os projetistas da Apple registraram mais patentes industriais e intelectuais do que o Brasil é capaz de registrar ao longo de uma década.
Um raio-x de qualquer equipamento da empresa revela o uso de compostos superiores, tais como a liga de policarbonato dos quais são feitas as telas dos Ipads e Iphones - uma das mais sofisticadas combinações químicas do planeta - com grau de pureza e dureza únicos. O alumínio polido, que é base do corpo dos aparelhos e lhes confere a aparência futurista é importado daqui.
Vai pra lá em tijolos brutos e sem vida e volta para cá pulsante, com o selo criativo do gênio. Porém, a mais extraordinária conquista de Steve foi sobreviver por tanto tempo e tão bem em meio a um universo corrosivo, fútil e ambicioso. Cercado por traidores, em sua maioria compostos por matilhas de jovens executivos artificialistas que se alimentavam do que sobrava de seus projetos, manteve-se fiel ao conceito de beneficiar o homem e trazer a ele a informação mais completa, o mais rápido possível.
Muito além dos computadores, walkmans e tablets, Jobs redesenhou também o modelo estereotipado dos homens de negócios e mostrou que é possível fazer fortuna preservando a integridade moral, valorizando a inovação, incentivando o crescimento de parceiros estratégicos e, embora pareça impossível, dividindo os lucros.
Se tivesse nascido brasileiro, mesmo ainda sendo genial, Steve teria sido vencido pela estafa e, em algum ponto do caminho teria se perguntado qual tamanha força é necessária para vencer a mediocridade de um país que se permite comandar por canalhas fincados em um Congresso inerte, pautado pelo despreparo, pela corrupção e pela extorsão criminosa na forma dos impostos dedicados a realimentar o próprio sistema, num cruel moto contínuo.
Steve, o homem, se converteu no mentor da mais simpática empresa já criada e nos legou a postura baseada no equilíbrio natural budista, abrindo mão dos deuses a quem só recorremos quando algo dá errado e enfrentando o câncer com a coragem de um samurai.
Jobs, o executivo, foi capaz do improvável. Uniu o melhor do capitalismo ao melhor do socialismo ao enxergar que as pessoas desejam soluções simples, inovadoras e democráticas. Promoveu um salto quântico na evolução do computador e para brindar seu sucesso nos deixou de presente a Pixar, responsável por criar mundos e personagens que nos servem como alternativa ao convencionalismo brutal que massacra o homem por dez, doze, quinze horas ao dia na eterna fabricação de paradigmas.
Em suas mãos, ética e estética, qualidade e novidade, tecnologia e química, conhecimento e comportamento se converteram em peças esculpidas à exaustão por um perfeccionista que marcou um tempo de mudanças políticas, econômicas e sociais de um planeta que não se sabe ao certo se está evoluindo ou involuindo.
Tivesse nascido brasileiro, Steve Jobs teria sido parado pelo habitat. Não sei o porquê, mas por alguma razão - não me pergunte - os gênios relutam em nascer aqui.
* Rodrigo Barros é Publicitário e planejador do mercado imobiliário, diretor da Cross Marketing.
O empresário que carrega no sobrenome a sugestiva palavra “Jobs” revolucionou porque vivia em um ambiente revolucionário e fez de um tempo de mudanças no comportamento o seu playground, experimentando soluções de interação entre os homens e a informação, percebendo antes de qualquer outro que a máquina é o inquebrável elo entre ambos.
Em sua epopeia, Jobs recorreu a investidores que acreditaram em seus projetos e buscou suporte de agentes financeiros e também do governo norte-americano. Com recursos disponíveis e talentos desenvolvidos nas melhores faculdades, fabricou equipamentos eficientes. Eficientes e belos. Eficientes, belos e poderosos!
Para solidificar suas ideias a empresa da maçã mordida acelerou a tecnologia e contou com um suporte jurídico extraordinário para registrar as dezenas de milhares de patentes de suas inovações. Em um ano de trabalho os projetistas da Apple registraram mais patentes industriais e intelectuais do que o Brasil é capaz de registrar ao longo de uma década.
Um raio-x de qualquer equipamento da empresa revela o uso de compostos superiores, tais como a liga de policarbonato dos quais são feitas as telas dos Ipads e Iphones - uma das mais sofisticadas combinações químicas do planeta - com grau de pureza e dureza únicos. O alumínio polido, que é base do corpo dos aparelhos e lhes confere a aparência futurista é importado daqui.
Vai pra lá em tijolos brutos e sem vida e volta para cá pulsante, com o selo criativo do gênio. Porém, a mais extraordinária conquista de Steve foi sobreviver por tanto tempo e tão bem em meio a um universo corrosivo, fútil e ambicioso. Cercado por traidores, em sua maioria compostos por matilhas de jovens executivos artificialistas que se alimentavam do que sobrava de seus projetos, manteve-se fiel ao conceito de beneficiar o homem e trazer a ele a informação mais completa, o mais rápido possível.
Muito além dos computadores, walkmans e tablets, Jobs redesenhou também o modelo estereotipado dos homens de negócios e mostrou que é possível fazer fortuna preservando a integridade moral, valorizando a inovação, incentivando o crescimento de parceiros estratégicos e, embora pareça impossível, dividindo os lucros.
Se tivesse nascido brasileiro, mesmo ainda sendo genial, Steve teria sido vencido pela estafa e, em algum ponto do caminho teria se perguntado qual tamanha força é necessária para vencer a mediocridade de um país que se permite comandar por canalhas fincados em um Congresso inerte, pautado pelo despreparo, pela corrupção e pela extorsão criminosa na forma dos impostos dedicados a realimentar o próprio sistema, num cruel moto contínuo.
Steve, o homem, se converteu no mentor da mais simpática empresa já criada e nos legou a postura baseada no equilíbrio natural budista, abrindo mão dos deuses a quem só recorremos quando algo dá errado e enfrentando o câncer com a coragem de um samurai.
Jobs, o executivo, foi capaz do improvável. Uniu o melhor do capitalismo ao melhor do socialismo ao enxergar que as pessoas desejam soluções simples, inovadoras e democráticas. Promoveu um salto quântico na evolução do computador e para brindar seu sucesso nos deixou de presente a Pixar, responsável por criar mundos e personagens que nos servem como alternativa ao convencionalismo brutal que massacra o homem por dez, doze, quinze horas ao dia na eterna fabricação de paradigmas.
Em suas mãos, ética e estética, qualidade e novidade, tecnologia e química, conhecimento e comportamento se converteram em peças esculpidas à exaustão por um perfeccionista que marcou um tempo de mudanças políticas, econômicas e sociais de um planeta que não se sabe ao certo se está evoluindo ou involuindo.
Tivesse nascido brasileiro, Steve Jobs teria sido parado pelo habitat. Não sei o porquê, mas por alguma razão - não me pergunte - os gênios relutam em nascer aqui.
* Rodrigo Barros é Publicitário e planejador do mercado imobiliário, diretor da Cross Marketing.
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