Um estudo realizado pelo Datafolha mostrou que menos de 5% dos pacientes que sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, um transtorno mental que afeta o desempenho escolar e trás problemas psicológicos e sociais, recebem um tratamento adequado no Brasil. Para a neuropsiquiatra Evelyn Vinocur, até quem sofre com a doença não busca auxilio pois acredita que os problemas tratam-se de uma ordem natural do dia-a-dia. A vida dessas pessoas segue arrastada, cheia de tropeços e dificuldades, ano após ano, sem que nenhuma medida seja tomada , lamenta a profissional. Em 2006, o IBGE apurou que 3.723.607 pessoas possuem o transtorno.
A pesquisa foi realizada em duas etapas, de 29 de junho a 5 de julho de 2006 com a população em geral e de 31 de agosto a 20 de outubro de 2007 com professores e médicos, a função do estudo foi analisar o nível de informação que todos têm sobre o mal.
O Instituto contou com a participação de 3.122 pessoas de todas as regiões do país e mais 1005 profissionais de saúde e educadores (500 professores, 405 médicos e 100 psicólogos). Enquanto entre os profissionais a grande maioria conhece o transtorno, apenas 9% da população ouviu falar sobre o mal.
A causa e o tratamento também não são muito difundidos. A pesquisa revelou que para muitos o transtorno é desenvolvido pela ausência dos pais, sendo: 55% dos pediatras, 53% dos neurologistas, 45% dos clínicos gerais, 42% dos psiquiatras e 25% dos neuropediatras, entre a população, somente 3,65% acreditam que a família seja a grande responsável pelo mal. O que pode ocorrer em alguns casos é que se a dinâmica familiar for muito desestruturada, essa condição pode servir de gatilho para o aparecimento dos sintomas de TDAH, mas nunca a sua causa , esclarece a dra. Evelyn.
A divergência também ocorre quanto à medicação correta. Para apenas 1% dos pediatras o TDAH deve ser tratado com remédios, enquanto 26% concordam que o esporte substitui o tratamento. 90% dos neuropediatras afirmam de que existem possibilidades de uma vida comum sem o tratamento, 35% dos neurologistas acreditam que os medicamentos para o mal causa dependência e 67% dos clínicos gerais falam que o benefício dos medicamentos superam os efeitos colaterais. Mas, para a especialista, as pesquisas mostram que só um pequeno percentual de crianças é medicado no Brasil. A maior parte delas é submedicada, ou seja, tomando subdoses do medicamento específico , afirma a profissional.
A pesquisa também mostrou que os professores estão mais preparados para os sintomas do que os profissionais da área médica, 56% desses profissionais tiveram direcionamento da escola para o tratamento.
Para quem deseja saber mais, o site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (http://www.tdah.org.br/) dispõe de um questionário de sintomas voltado para adultos e crianças, além de outras informações e os tratamentos adequados.
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