Trato gastrintestinal humano tem sistema nervoso próprio e pode funcionar como órgão independente
O que os grandes códigos de Medicina já apregoam há séculos tem sido comprovado pelos cientistas da atualidade e reforça a importância do sistema gastrintestinal – em especial os intestinos –
para a saúde humana. O trato gastrintestinal humano tem um sistema nervoso próprio denominado sistema nervoso entérico (SNE),totalmente especializado para as funções intestinais. O SNE, que
começa no esôfago e termina no ânus, possui aproximadamente 100 milhões de neurônios, número próximo à quantidade de neurônios da medula espinhal, e é capaz de controlar o trato gastrintestinal
mesmo se as conexões com o sistema nervoso central (SNC) forem interrompidas.Graças a essa capacidade, o intestino passou a ser considerado um órgão ‘inteligente’ e tem sido classificado
pelos cientistas como o ‘segundo cérebro’.
O intestino, por meio de numerosas glândulas, produz diversos hormônios fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Por outro lado, o sistema nervoso entérico produz mais de 20 substâncias que podem atuar como neurotransmissores. Estudos recentes indicam que até 90% da serotonina, neurotransmissor relacionado ao bem-estar, é produzida no intestino. Todos os aspectos que reforçam essa afirmação foram abordados no livro ‘O segundo cérebro’, do professor e pesquisador Michael D. Gershon, da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, lançado em 2000 no Brasil (Editora Campus). Na publicação, o pesquisador afirma que ‘limitar o papel do intestino à digestão seria reduzir consideravelmente a importância desse órgão’.
A Ciência já conseguiu demonstrar, também, que o intestino serve de barreira entre o exterior e o interior do organismo, e que a integridade dessa barreira é essencial para a imunidade e, consequentemente, para a prevenção de inúmeras enfermidades. Especialistas acreditam que doença de Crohn, colite ulcerativa, doença diverticular, acalásia (ausência de contrações musculares no esôfago), diabetes,Parkinson, constipação, diarreia,dispepsia e síndrome do intestino irritável
são algumas doenças que podem estar associadas a alterações neuroquímicas do sistema nervoso entérico.
O bioquímico clínico e precursor da Medicina Ortomolecular no Brasil, Hélion Póvoa, membro da Academia Nacional de Medicina e ex-pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça
a tese em seu livro ‘O cérebro desconhecido’ (Editora Objetiva-2002). Segundo o professor, se o intestino estiver bem o cérebro estará saudável, e é fundamental que a comunidade médica tenha conhecimento disso para melhor orientar os pacientes. “Se o intestino não funciona bem a tendência é de aumentar a depressão e a ansiedade, por causa da importante quantidade de serotonina e melatonina produzida pelo órgão”, assegura.
Evolução – Hélion Póvoa enfatiza que as provas da inteligência do sistema gastrintestinal podem ser demonstradas pela forma sofisticada como os nutrientes são degradados no tubo digestivo. Carboidratos, gorduras e proteínas possuem sistemas próprios de metabolização
e, desde a mastigação, cada grupo interage com enzimas específicas, no momento e em local próprios, para que sejam absorvidos pela mucosa intestinal e enviados à corrente sanguínea. “A forma sincronizada como os órgãos trabalham para a digestão e a absorção também não deixa dúvidas de que temos um sistema inteligente e independente dentro do abdome”, assegura.
Essa afirmação reforça a hipótese de que o homem, durante o processo de evolução, tenha desenvolvido dois cérebros. O da cabeça, que permitia encontrar meios de sobrevivência e garantir a reprodução da espécie, e o do intestino, responsável pelos processos vitais de digerir e absorver alimentos. Outra relação é que, na fase embrionária, cérebro e intestino provêm da mesma camada germinativa primária – ectoderma – que dá origem,ainda, à pele, às unhas e aos órgãos externos dos sentidos. “O intestino realmente tem um cérebro próprio que possui neurônios sensitivos motores e de associação em todo o trajeto do tubo digestivo”, acrescenta o professor titular do Departamento de Ciências Morfofisiológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marcílio Hubner de Miranda Neto.
O especialista, que coordenou durante anos o Laboratório de Pesquisas em Neurônios Entéricos da instituição, diz que esses neurônios são capazes de perceber o que há de errado no nível do intestino
e se comunicar entre si, o que pode aumentar ou diminuir o movimento peristáltico e provocar uma série de sintomas. A autonomia vem da habilidade intestinal em produzir arcos reflexos, que é a intertransmissão de estímulos entre os neurônios sensitivos, associativos e motores,que tanto permite captar as informações quanto processá-las. “Em outras palavras, os intestinos também pensam,
decidem e executam tarefas”, resume.
Um comentário:
DEsde o ano passado depois de uma anemia terrível e uma prissão de ventre terrível também
Começei uma reeducação alimentar e depois que dei total atençãoao intestino é incrível como a saude melhora 100%
AMei o texto
Obrigada por compartilhar
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