segunda-feira, 15 de junho de 2009

Intestino e Imunidade

Muitos estudos desenvolvidos nas últimas décadas têm conseguido demonstrar a importância da integridade do intestino para a imunidade do organismo. A Ciência já comprovou que existem dois tipos de imunidade. A inespecífica é um complexo formado por barreiras anatômicas como a pele e as mucosas, secreções como a saliva, proteínas do plasma sanguíneo e hormônios, que representam a primeira relação do organismo com substâncias

estranhas. A imunidade específica é decorrente da permanência de material ou substância estranha, após a ação da imunidade inespecífica, que não conseguiu eliminar o agente invasor.

Assim, o organismo que se encontra sensibilizado pela ação da imunidade inespecífica desenvolve um tipo de interação conhecida como ‘antígeno-anticorpo’, que tem como resultado a produção de imunoglobulinas específicas para uma determinada substância ou microrganismo estranho. Como a maioria desses agentes estranhos penetra pelo sistema

digestivo e entra em contato com a mucosa do intestino delgado, local de absorção dos alimentos, estabelece-se nesse nível a relação entre nutrição e imunidade. Aproximadamente 80% das células produtoras de anticorpos está associada à mucosa do intestino delgado, cuja área pode, segundo diferentes autores, variar entre 200m2 e 350m2.

O professor Marcílio Hubner complementa que o estresse é um dos grandes causadores de alterações do sistema imune. Quando o indivíduo está muito estressado, os neurônios cerebrais enviam mensagens distorcidas para os neurônios entéricos e isso tende a levar a episódios gastrintestinais de diarreia, gastrite, úlcera e prisão de ventre. “Se há desespero

do cérebro da cabeça, o cérebro do intestino tende a se desesperar também. Afinal, eles estão interligados por nervos que possibilitam ampla troca de informações entre ambos”, compara. As afirmações são reforçadas por estudos, desenvolvidos em várias partes do mundo, que

confirmam que em termos de células – linfócitos, por exemplo – o sistema imunológico do intestino é o mais importante do organismo.

Depressão – As taxas de depressão, e possivelmente de alguns tipos de distúrbio de ansiedade, são altas entre indivíduos com doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerativa. A afirmação foi feita por pesquisadores da Universidade de Manitoba, no Canadá, que divulgaram estudo sobre o tema no ano passado. A pesquisa avaliou as taxas de ansiedade e problemas de humor em 351 pacientes com doenças intestinais, comparando com 779 indivíduos da mesma região e com dados da população dos Estados Unidos e da Nova Zelândia.

Os pesquisadores notaram que esses pacientes tinham taxas mais altas de distúrbio do pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivocompulsivo e depressão. O professor Hélion Povoa lembra que, em países nórdicos, por causa da ausência de sol, há síntese diminuída de serotonina e muita melatonina, ocorrência chamada de ‘depressão

sazonal’. “O organismo precisa de serotonina para exercer bem suas funções, e essa produção adequada depende do bom funcionamento do intestino”, sentencia.

HÁBITO PERIGOSO

Para o professor Marcílio Hubner, nos dias atuais o maior problema da população, especialmente a adulta que tem vida agitada, é a falta de horário para evacuar diariamente. Esse hábito, somado à baixa ingestão de água e de alimentos ricos em fibras, provoca

uma redução do peristaltismo e, consequentemente, leva o intestino a funcionar de forma mais lenta. A primeira grande desvantagem desse cenário são fezes endurecidas e evacuação dolorosa, o que leva à propensão de o indivíduo desenvolver hemorroidas.

Se a alimentação contém excesso de toxinas, e essas toxinas permanecem mais tempo no intestino, há também maior predisposição ao desencadeamento de câncer de intestino. Além disso, fezes retidas produzem gases e boa parte desses gases é absorvida pela parede do intestino, que funciona como uma esponja. “Gases tóxicos em grande quantidade alteram a fisiologia orgânica de diversos órgãos e prejudicam principalmente o sistema nervoso central. Por essa razão, esses indivíduos geralmente têm irritabilidade e mau humor”, explica.

Entre os aliados da alimentação saudável estão os alimentos probióticos – como o leite fermentado Yakult – e prebióticos, constituídos de fibras solúveis e insolúveis. Os especialistas reforçam a importância desses alimentos para a manutenção da saúde intestinal, pois ajudam na motilidade e povoam a microbiota de bactérias saudáveis. “Sem dúvida os probióticos têm papel importante para a manutenção da saúde”, destacam.

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